LULA: POR CINCO DÉCADAS ESPIONADO PELA CIA

LULA: POR CINCO DÉCADAS ESPIONADO PELA CIA

Lula: espionado pela CIA desde 1966

Em matéria publicada  em sua  edição 151 (23-30/07), a Revista Focus Brasil   informa que, conforme evidências colhidas pelo escritor Fernando Morais, biógrafo de Lula, por meio da lei de acesso à informação dos (Freedom Information Act), o  vem sendo espionada pela CIA, Agência de Inteligência Norte-americana, desde 1966.

A espionagem, segundo a matéria,  mirou também a Petrobras, os planos militares do e as relações de Lula com os governos da China e de países no Oriente Médio. O governo norte-americano vigiou os passos de Lula por mais de cinco décadas e produziu mas de 800 documentos, totalizando 3,3 mil páginas sobre Luiz Inácio Lula da Silva. 

Dados publicados pela  MídiaNinja, também  esta semana, confirmam que o monitoramento começou em 1966, quando o torneiro mecânico Lula se destacou como dirigente no movimento sindical no ABC paulista, e seguiu até 2019, durante a prisão do presidente em Curitiba. Ou seja, por pelo menos 53 anos. 

Os documentos oficiais, conseguidos por Morais, revelam que a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos,  que conhecemos por CIA,  confeccionou a maior parte desses documentos, mais de 600, reunidos em 2 mil páginas.

O Departamento de Estado produziu 111 documentos; a Agência de Inteligência da Defesa, outros 49; o Departamento de Defesa contribuiu com 27; o Exército do Sul dos Estados Unidos oito ; e o Comando Cibernético do Exército, apenas um.

LULA: POR CINCO DÉCADAS ESPIONADO PELA CIA
Foto: Ricardo Stuckert/PR

SOBROU TAMBÉM PRA DILMA 

Segundo Morais, a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) também não escapou ao escrutínio estadunidense. Sobre o atual governo Lula, o escritor antecipa não dispor de registros, pois o pedido de acesso às informações foi feito em 2019.

Os registros detalham a relação de Lula com a ex-presidente , também alvo de grampos, conforme vazamentos do WikiLeaks em 2015 por Julian Assange. Além disso, os documentos revelam interesse dos EUA na proximidade de Lula com autoridades do Oriente Médio e da China, bem como nos planos militares brasileiros e na produção da Petrobras.

Esta não é a primeira vez que a espionagem norte-americana sobre líderes políticos brasileiros vem à tona. Desde 2013, foram reveladas ações de monitoramento da Agência Nacional de (NSA) sobre a ex-presidenta Dilma, com base em documentos obtidos por Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept.

O WikiLeaks também divulgou o monitoramento frequente de telefones de membros e ex-integrantes do governo Dilma.

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Foto: Francisco Proner

COMO MORAIS CONSEGUIU AS EVIDÊNCIAS 

Para conseguir as evidências, Morais recorreu à lei de acesso à informação dos Estados Unidos, conhecida como FOIA (Freedom of Information Act), legislação que entrou em vigor exatamente em 1966, durante o governo Lyndon Johnson, auge da do Vietnã.

Morais  ainda aguarda retorno do FBI (a polícia federal norte-americana), da Agência de Segurança Nacional (NSA) e da Rede de Combate a Crimes Financeiros (FinCEN). As respostas devem ocorrer dentro do prazo de 20 dias, prorrogáveis por mais 20.

Esses documentos servirão à biografia do presidente, da qual Morais está encarregado. O primeiro volume foi lançado em 2021, pela Companhia das Letras, e traduzido para os idiomas inglês, espanhol e chinês. Ainda não foi fixada data para a divulgação da segunda parte da obra.

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Fernando Morais – Foto: Wikipedia

FERNANDO MORAIS

FERNANDO MORAIS nasceu em , , em 1946. Jornalista, trabalhou no Jornal da Tarde, na revista Veja e em várias outras publicações da imprensa brasileira.

Recebeu três vezes o prêmio Esso e quatro vezes o prêmio Abril de jornalismo. Foi deputado (1979-1987) e secretário da (1988-1991) e da (1991-1993) do Estado de São Paulo.

É autor de A ilha, Cem quilos de ouro, Os últimos soldados da Guerra Fria, Corações sujos, Chatô e Lula, todos publicados pela Companhia das Letras.

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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