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Marcos Bagno: Este é o tempo de ocupar os sonhos e as oficinas!

Tempo de ocupar – 

Por: Marcos Bagno

Este é o tempo de ocupar,
de assustar os inseguros,
de sobressaltar os muros,
de distorcer os portões
– este é o tempo de ocupar
as certezas e os sertões!

este é o tempo de ocupar
os coletivos espaços
e neles forjar os aços
de um futuro que pressente
– este é o tempo de ocupar
o moinho improducente!

este é o tempo de ocupar
os vão sem voz, sem palavras,
os campos sem pás, sem lavras,
as fábricas em ruínas
– este é o tempo de ocupar os sonhos e as oficinas!

Marcos Bagno bio

Marcos A. Bagno – Biografia

http://asletradas.blogspot.com/2012/05/marcos-bagno-biografia.html

Marcos Araújo Bagno, nasceu em 21 de agosto de 1961 em Cataguases (MG), mas viveu em diversos Estados ao longo da vida. Depois de ter morado em Salvador, em Brasília, no Rio de Janeiro,e no Recife, transferiu-se para São Paulo em 1994 , quando se tornou professor do Instituto de Letras da Universidade de Brasília (UnB), permaneceu na capital até o ano de 2002, ano em que voltou para Brasília, com o intuito de ser professor do Departamento de Linguística da Universidade de Brasília. Atuou no Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas até 2009 e tranferiu-se para o Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução.

Iniciou sua carreira de escritor ao receber o IV Prêmio Bienal Nestlé de Literatura pelo livro de contos A Invenção das Horas, em 1988. A partir desse marco vieram outras trinta obras literárias até o momento e inúmeros prêmios, incluindo “Jõao de Barro”(literatura infantil, 1988) e “Carlos Drummond de Andrade”(poesia, 1989).

Em seus livros no campo da linguística, dedicou-se às críticas com relação ao ensino nos moldes tradicionais, baseado somente na gramática normativa e imbuído de preconceitos sociais.

A luta de Bagno contra toda forma de exclusão social pela linguagem se tornou mais conhecida com a publicação do livro Preconceito linguístico: o que é, como se faz (Ed. Loyola, 1999), que foi um sucesso e até hoje, todo mês uma nova edição é publicada, obra amplamente utilizado nos cursos de Letras e Pedagogia de todo o Brasil.

Além de autor e professor bem sucedido, Bagno também trabalhou como tradutor e intérprete, estudou francês desde a infância e as demais línguas foram sendo adquiridas de modo autodidata. Acreditava que para ser tradutor era necessário ser um bom escritor e ter espírito pesquisador, duvidando do que parece “diáfano” demais ao traduzir. Seu histórico conta com mais de 50 livros traduzidos do inglês, do espanhol, do italiano e do francês.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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