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Meninas perfeitas não existem, mulheres corajosas sim!

Meninas perfeitas não existem, mulheres corajosas sim!

Meninas perfeitas não existem, mulheres corajosas sim!

As meninas que hoje ocupam parques e salas de aula são as mulheres de amanhã…

Por A Mente É Maravilhosa

Mas antes disso, são as meninas de hoje, e nada justifica querermos acelerar a sua infância para que no futuro sejam mulheres perfeitas. Preparadas para ser mães, preparadas para tomar conta da casa, preparadas para se mover no mundo, preparadas para serem as melhores na sua profissão, preparadas para administrar suas emoções, preparadas para mastigar a frustração e não engasgar… Se a sua cabeça já dói com tantas exigências, imagine a delas.

Outro dia li um artigo que dizia que perguntamos demais às crianças, e talvez seja verdade, mas o que a experiência me ensinou é que os ouvimos muito pouco. Que eles têm milhares de redes sociais onde se expressar, mas poucos espaços familiares para fazê-lo.

Que ninguém me entenda mal, não se trata delas decidirem, mas sim de considerarmos o que elas desejam agora, inclusive o que gostariam no seu futuro se nos damos o poder de tomar decisões por elas: se assumimos esse direito e essa obrigação, não podemos ignorar a responsabilidade que adquirimos diante delas. Não se trata de consentir, mas de integrar e de ajudá-las a descobrir por si mesmas onde querem chegar. Falo de uma coisa que não tem nada a ver com os pais serem mais ou menos rigorosos.

Se queremos lhes ensinar alguma coisa, ensinemos que a perfeição não existe. Que ao longo da sua vida terão que enfrentar medos, e que as corajosas não são as que não temem, mas sim as que os deixam de lado e os superam. As que o fazem o tempo todo enquanto observam, de esguelha, como esses medos se tornam pequenos.

Ensinemos a elas que a perfeição não existe, mas que os medos se multiplicam quando avançamos: na casa de saída do jogo costuma-se ter muito menos a perder do que nas casas seguintes. Contemos a elas que existem vitórias com preços que não vale a pena pagar, porque não vale a pena ser a mais popular se o preço é o assédio, a zombaria ou o insulto.

Mostremos a elas que antes de assumir qualquer opinião como própria, é melhor submetê-la a julgamento. Mesmo que isto implique que façam o mesmo com nossas opiniões e que tenhamos que dedicar mais tempo para expô-las. Não mostremos que a vulnerabilidade nos torna fracos, porque as couraças das pessoas que amamos só nos afastam delas.

Ensinemos que elas têm um grande poder. O de cortar um relacionamento amoroso ao primeiro indício de maus-tratos, o de derrubar uma porta e intervir se sentirem que alguém está em perigo, o de dizer ‘não’ quando receberem um convite suspeito. Ensinemos que a liberdade não significa anarquia, e que aquele que a teme não o faz pelo nosso bem, por mais que se faça acompanhar de muitas vozes.

Ensinemos que se juntarem o seu poder com a coragem se transformarão em pessoas que valem a pena, e que enquanto se transformam nessas pessoas, serão justamente uma pessoa que vale a pena. Porque o ‘enquanto’ conta, conta tanto que se você parar para pensar, tudo acontece enquanto morremos, enquanto vivemos… e nesse enquanto, rico de perspectivas, acontece uma coisa: a felicidade tem uma estranha simpatia pelas pessoas que valem a pena.

Com edições da Redação Xapuri

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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