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Michel Michou

Com a sua base na Câmara fragmentada, a inevitável debandada dos que pretendem se reeleger e o processo de autorização conduzido por um concorrente, Temer não terá a menor chance de escapar desta terceira denúncia, que provavelmente será apresentada ainda na primeira quinzena de abril. E além de Mansur, Perondi e Marun, seus mais fiéis escudeiros na Câmara, o presidente golpista provavelmente só terá a seu lado Moreira Franco e Eliseu Padilha.

Autorizada pelo ministro Luis Roberto Barroso, do STF, a Policia Federal pegou Temer de surpresa, ao prender seus amigos mais chegados, inclusive o escorregadio coronel Lima, seu principal operador, que há nove meses vem driblando os policiais para não depor. Os procuradores e policiais parece que não tem mais dúvidas sobre o gigantesco esquema de corrupção que funcionava no porto de Santos há muito tempo sob o comando de Temer, mais precisamente desde que ele foi presidente da Câmara dos Deputados.

O seu assessor Rocha Loures, aquele flagrado com uma mala de dinheiro, possivelmente foi peça-chave nas investigações, entregando o ouro em troca da liberdade, numa delação premiada.  Desta vez Temer não terá dinheiro suficiente para “comprar” deputados, uma prática bastante usada na rejeição das duas primeiras denúncias, o que o deixará praticamente à mercê da Justiça. Consciente dessa perspectiva sombria, ele certamente utilizará todos os recursos possíveis e impossíveis que o poder lhe oferece para, mais uma vez, tentar escapar das grades. Não será, porém, tarefa fácil, a julgar pela disposição do ministro Barroso.

A queda de Temer criará uma nova situação no país, com inevitáveis repercussões no processo eleitoral, onde o presidente substituto, Rodrigo Maia, também candidato a permanecer no cargo, terá melhores chances que o presidente golpista, pois não tem a sua rejeição. Se souber usar o poder que terá nas mãos para conquistar as simpatias do eleitorado, interrompendo todas as medidas  antipopulares de Temer, inclusive a entrega  do pré-sal para o capital estrangeiro e a privatização da Eletrobrás, Maia poderá começar a pensar na possibilidade de se eleger, sobretudo se Lula for mesmo impedido de concorrer.

Se, no entanto, se deixar envolver pelas forças que colocaram Temer no Palácio do Planalto e der prosseguimento às suas ações entreguistas e de desmonte dos programas sociais, não fará nenhuma mudança e tudo continuará como dantes. Será o mesmo que trocar seis por meia dúzia. Como  consequência,  além de herdar o cargo herdará também a rejeição de mais de 90% do povo, lançando por terra o sonho de ser Presidente através das urnas.

Enquanto cresce a expectativa sobre o futuro de Temer, que parece já delineado pelo ministro Barroso, aumenta também a tensão em torno da sessão de 4 de abril do Supremo Tribunal Federal, que naquela  data julgará o mérito do habeas corpus preventivo impetrado em favor do ex-. A impressão dominante é que o ex-presidente terá sua liberdade garantida por um placar de 6 x 5, considerando-se o resultado da última votação, mas ainda há muito suspense sobre o voto da ministra Rosa Weber, embora ela tenha votado favoravelmente à admissibilidade do HC.

De todos os onze ministros ela provavelmente é a que tem recebido mais pressão dos dois lados, mas como é muito discreta e fala pouco, nem o mais arguto observador conseguiu até agora detectar a sua tendência. De qualquer modo, 4 de abril parece ser o dia D para o futuro político de Lula, o maior Presidente que este país já teve.

Na verdade, é um absurdo inominável o que o Judiciário, aparentemente controlado pelas forças golpistas, está fazendo com Lula no esforço para impedi-lo de voltar à Presidência da República. Ao invés de se discutir a farsa da sua condenação, uma armação do juiz Sergio Moro confirmada por duas instâncias superiores da Justiça – uma vergonha para os magistrados sérios deste país – cria-se uma grande expectativa sobre a sua prisão, uma escandalosa ilegalidade, decorrente de um crime que não existe.

E como consequência dessa farsa vergonhosa, apoiada e estimulada pela mídia golpista, lança-se a Constituição na lata de lixo, com meia dúzia de togados,  com poderes não previstos na Carta Magna,  contrariando a vontade de mais de 60 milhões de brasileiros, cujo direito para escolher os seus governantes está expresso no Parágrafo Único do artigo 1º: “Todo poder emana do povo”.

Michel michou 247 1Foto: Brasil 247
Fonte: Matéria de Ribamar Fonseca,  Michel michou, publicada no Brasil 247 em 31 de março de 2018


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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