Procura
Fechar esta caixa de pesquisa.
NOTA DE PESAR: TUÍRE KAYAPÓ

NOTA DE PESAR POR TUÍRE KAYAPÓ

Nota de pesar pela partida de Tuíre Kayapó do espaço físico deste mundo 

Nós, da Revista Xapuri, lamentamos profundamente o falecimento de Tuíre Kayapó, a primeira mulher indígena a levantar a voz e o facão para defender em público a floresta e seu povo, em 21 de fevereiro de 1989, durante o no 1º Encontro das Nações Indígenas do Xingu, em Altamira, no Pará.

A  Em protesto contra a construção de Belo Monte, Tuíre encostou a lâmina de aço no rosto do então diretor da Eletronorte, José Antônio Muniz Lopes, conseguindo paralisar a obra por 20 anos. Ela faleceu neste sábado, 10 de agosto, em Redenção, no Pará. 

A atuação de Tuíre contra a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte entrou para a história como um grande símbolo de resistência.

Tuíre foi – e vai ser sempre – a mulher que parou a construção da usina com um facão e, desde então,  destacou-se – e destaca-se –  por sua coragem e dedicação pelos direitos dos povos indígenas e das florestas.

NOTA DE PESAR POR TUÍRE KAYAPÓ
Tuíra ameaça com um facão o então presidente da Eletronorte, José Antonio Muniz Lopes – Foto: Protássio Nêne/Estadão -1989

A memória e a história de Tuíre Kayapó perpetuam-se como um legado eterno de força e luta na defesa dos direitos indígenas.

Tuíre será sempre um símbolo de resistência para as velhas, para as novas gerações e para as futuras gerações de brasileiros, brasileiras e pessoas que defendem as lutas de Tuíre em todo o planeta Terra. 

NOTA DE PESAR POR TUÍRE KAYAPÓ

O câncer de útero levou do nosso mundo esta grande guerreira, jamais conseguirá apagar o legado de  resistência indígena e de luta feminina para as mulheres indígenas, para  nós mulheres e para todas as pessoas que lutam por direitos e liberdades no Brasil e no mundo todo.

Neste período de luto, entristecida, a equipe da Revista Xapuri presta se solidariza com a família de Tuíre, com suas amizades e com todo o povo Kayapó.  

NOTA DE PESAR POR TUÍRE KAYAPÓ

Deixe seu comentário

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

PARCERIAS

CONTATO

logo xapuri

posts relacionados

REVISTA