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O guaxinim, mão-pelada ou guará, um bicho da Caatinga

O GUAXINIM, UM BICHO DA CAATINGA

O guaxinim, mão-pelada ou guará, um bicho da

O guaxinim (Procyon cancrivorus) também é conhecido como mão-pelada, guará, -do-mato-guaxinim ou cachorrinho-guaxinim. Com distribuição geográfica ampla na América do Sul e Central, desde o Uruguai até o Panamá, ocorre em todos os do Brasil.

Por Eduardo Henrique

Os guaxinins têm hábitos noturnos. Durante o dia permanecem escondidos em ocos de árvores e locais de vegetação muito densa. Por isso nem sempre são vistos.

Esses animais habitam locais próximos às fontes de água, como rios, riachos, córregos e lagoas, onde se alimentam de frutos, insetos, anfíbios e outros pequenos animais.

Nas regiões mais secas da Caatinga, as fontes hídricas são limitadas e as chuvas não ocorrem na maior parte do ano, fazendo com que os guaxinins dependam das raras fontes de água e das matas ciliares, cada vez mais ameaçadas pelas perturbações antrópicas e adversidades climáticas.

A relação do guaxinim com o ser humano não é tão conflituosa devido, além de seu hábito noturno, à sua incrível habilidade de encontrar os melhores esconderijos, deixando apenas pegadas que são vistas no dia seguinte. Contudo, há relatos de perseguições contra esta espécie em locais onde se cultiva melancia, porque os guaxinins costumam perfurá-las para se alimentarem.

No de Pernambuco, o guaxinim é chamado de guará. De forma geral, no Brasil, diversas pesquisas indicam que esta espécie não se encontra em risco de extinção. E as principais ameaças relatadas são os atropelamentos nas rodovias, transmitidas por animais domésticos e destruição do ambiente natural.

O guaxinim, mão-pelada ou guará, um bicho da Caatinga
Foto: Biologia

Eduardo Henrique Viva Caatinga

Eduardo Henrique de Sá Junior reside em , no de Pernambuco. Eduardo Henrique é também fotógrafo da e um estudioso das vidas e dos aconteceres da Caatinga, cujo nome vem do Caa – Tinga (mata branca). Eduardo Henrique mantém, no Facebook, a página . Matéria publicada originalmente em maio de 2017.


 

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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