O que parece, não é, sendo…
Por Marconi M. de L. Burum
Vejo essa imagem.
Tão bela, reluzente…
Não!
Apocalíptica!
É o céu no mar azul,
À primeira vista…
É Cabul?
Cabral chegou na nau
Como homem-bomba,
E ateou fogo no Cerrado,
Matou milhões de índios pelados
Na frente do Congresso Nacional
Segurando um caixão gigante de papelão.
Matou bilhões de espécies nativas,
A fauna e a flora
Da Amazônia aos Pampas.
Sobrou o caixão vazio
Cheio em frente aos soldados do Presidente
Na Praça dos ex-Três Poderes,
Em Goyaz,
De Cora
E de dor
Como o coro da gente em langor.
Essa imagem é de um sonho
Do profeta…
É não!
É a realidade do pesadelo que afeta
O fluxo da vida.
Bem parece o céu azul
Com nuvens sorrindo a gente,
Mas sente só:
É fumaça e terror.
Fogo no mato e horror
Nos campos silvestres do Necessário Cerrado
Marcado para morrer,
Como em Cabul,
O desespero de quem foge da vida
Para ter direito à vida.
Como em Brasília:
Indígenas das várias etnias,
Aos milhares que sobreviveram
Ao talibã miliciano derivado da nau,
Fizeram da Esplanada dos Ministérios,
Sua aldeia,
Pois o marco temporal
E o temporal na soja, milho e arroz,
Não alimenta a fome
Dos que estão na fila do osso
Em Mato Grosso,
Mas expulsa de Suas Terras,
Os Povos Originários,
Do Brasil,
Do Afeganistão
E do Cerrado
Queimado pela ganância
Imunda-mente humana!
É sádico esplendor!
Ao acordar, sinto pavor.
A fumaça turvou a visão da existência,
De um real em demência.
Não há clemência!
Não há amor
Ou qualquer outra coisa sensitiva
Ativa na cognição talibãnica brasileira.
Sinta a foto e a conjuntura.
Conjecturas de um céu chorando
E mais nada!
Sim!
A imagem que você vê (em ti)
É poeticamente linda,
Mas semioticamente trágica,
Pois é o mundo que,
Parecendo lógico,
É desgraçadamente caótico!
Marconi M. de L. Burum. Professor e escritor.
A foto que ilustra este poema foi realizada por Robson de Sousa Moraes, que é professor da UEG na Cidade de Goyaz (Goiás Velho).
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