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“O segredo de nossa casa” - fábula africana

FÁBULA AFRICANA – “O SEGREDO DE NOSSA CASA”

“O segredo de nossa casa” – fábula africana

Há muito valemo-nos das fábulas para dizer, de modo eufêmico, verdades cotidianas.

Por O Ponto

Assim, quando objetos e animais ganham vozes e se submetem a acontecimentos diversos, melhor podemos analisar, na alegoria da história contada, ações e reações nossas. Momento em que repensamos os nossa hábitos e nossos crenças.
 
Abaixo, uma fábula africana que nos dá oportunidade de ponderamos sobre a real necessidade de noticiar aquilo que ocorre no íntimo dos nossos lares.
“Certo dia, uma estava na cozinha e, ao atiçar a fogueira, deixou cair cinza em cima do seu cão.
O cão queixou-se:
– A senhora, por favor, não me queime!
 
Ela ficou muito espantada: um cão a falar! Até parecia mentira… Assustada, resolveu bater-lhe com o pau com que mexia a comida. Mas o pau também falou:- O cão não me fez mal. Não quero bater-lhe!

A senhora já não sabia o que fazer e resolveu contar às vizinhas o que se tinha passado com o cão e o pau.
Mas, quando ia sair de casa a porta, com um ar zangado, avisou-a:

– Não saias daqui e pensas no que aconteceu. Os segredos da nossa casa não devem ser espalhados pelos vizinhos.
A senhora percebeu o conselho da porta. Pensou que tudo começara porque tratara mal o seu cão. Então, pediu-lhe desculpa e repartiu o almoço com ele.”
 
Fonte: Lenda via O Ponto

FÁBULA

A fábula é um texto narrativo de tendências didáticas muito utilizado no ensino de valores éticos e morais. Atualmente, ela é muito trabalhada nas escolas, principalmente nos anos iniciais, no intuito de demonstrar a importância de certos aspectos morais considerados socialmente essenciais em nosso tempo.

A discussão sobre a conduta do ser humano é antiga, o que pode ser demonstrado pela fábula, cuja possível origem foi estabelecida por Esopo, autor que viveu na Grécia entre os anos 620-560 a.C., quando já se tinha preocupações pedagógicas em relação à dos povos.

FÁBULAS AFRICANAS
Foto: Reprodução

Características e estrutura da fábula

Com relação às características, podemos elencar os seguintes elementos sobre a fábula:

  • Trata-se de uma narrativa breve, apresentando poucos personagens com pouca (ou nenhuma) complexidade e diversas relações alegóricas.

  • Apresenta uma interação entre personagens, que podem ser pessoas, animais ou seres inanimados, sendo que todos eles têm características humanas (os animais e objetos são antropomorfizados).

  • Apresenta uma reflexão de ordem moral (moral da história) geralmente de maneira explícita ao fim do texto. Assim, a fábula possui elementos didáticos bem definidos em sua composição, como a presença de uma linguagem clara e acessível.

Do ponto de vista estrutural, o linguista José Luiz Fiorin divide a fábula em dois planos: o narrativo e o moral.

  • Plano narrativo: refere-se à narração propriamente dita, com a apresentação das personagens e enredo, complicação, clímax e desfecho. Nesse plano, segue-se as características básicas do texto predominantemente narrativo.

  • Plano moral: é a parte final. Pode-se dizer que o fim da fábula não é propriamente o seu desfecho, mas o seu plano moral. De acordo com Fiorin, é nessa parte que se reitera o significado da narração, pois, nas palavras do linguista, “a fábula é sempre uma história de homens, mesmo quando os personagens são animais, pois estes falam, sentem paixões humanas (…) o que indica que são personificações dos seres humanos”. Assim, o conteúdo da fábula está sempre relacionado à vida dos seres humanos e, por isso, é alegórico.

Autores e fábulas famosas

As fábulas se constituíram há muitos anos, desde a Grécia Antiga, como um mecanismo didático-pedagógico direcionado aos cidadãos na intenção de ressaltar valores ético-morais importantes. O primeiro grande fabulista de que temos registro foi Esopo, escravizado e contador de histórias que viveu na Grécia entre 620-560 a.C. A cigarra e a formiga, A lebre e a tartaruga e O lobo e o cordeiro são algumas das fábulas mais famosas desse autor.

Fedro foi outro fabulista cuja produção sobreviveu ao tempo. Ele viveu em , no século I d.C. Já La Fontaine é o mais contemporâneo dos três. Ele viveu na França do século XVIséculo XVI e é considerado o pai da fábula moderna, enquanto Esopo seria o grande criador do gênero.

Com relação às fábulas produzidas por Fedro e La Fontaine, muitas delas foram reinterpretações para as suas respectivas épocas de obras como A cigarra e a formiga ou A lebre e a tartaruga, criadas originalmente por Esopo. Pode-se dizer que esse processo de releitura na produção clássica de Esopo ajudou a tornar essas fábulas famosas.

Como se faz uma fábula?

Para fazer uma fábula é preciso, em primeiro lugar, definir o aspecto didático-pedagógico a ser transmitido. Em outros termos, é preciso saber o porquê da fábula. O que o autor pretende? Ressaltar a importância de se ter coragem, ou as consequências da desonestidade? É com base nessa definição de orientação ética e moral que o autor deve direcionar seu enredo e seus personagens.

Assim, em segundo lugar, com as definições pedagógicas esclarecidas, o autor precisa definir o seu enredo, o espaço e as personagens que vão compor a sua história. Quem são? Onde estão? O que estão fazendo? Essas são as perguntas que ajudarão nessa etapa.

Em terceiro, durante o processo de escrita, é importante atentar-se para a linguagem utilizada no texto. Ela precisa ser simples e breve, e seu conteúdo é claro. Em uma fábula, não há espaço para questões controversas por conta de suas características e viés didático.

Por fim, em quarto lugar, vem o que o linguística Fiorin chamou de plano moral. A moral da história vem após a narrativa do texto e deve ser sucinta e clara ao leitor. Ela pode também conter elementos alegóricos presentes na narrativa e retomados ao final.

Fonte: Português 
 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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