Para Moçambique, Zimbábue e Malauí: Solidariedade. Saiba como ajudar as vítimas do ciclone Idai na África

O ciclone tropical Idai chegou à durante a noite de 14 para 15 de março de 2019, perto da cidade de Beira, província de Sofala, no centro de Moçambique. O ciclone provocou chuvas torrenciais e ventos nas províncias de Sofala, Zambézia, Manica e Inhambane.

A cidade da Beira, na província de Sofala, região central de Moçambique, perdeu a . O impacto total do ciclone ainda está por ser estabelecido. No entanto, os relatórios iniciais indicam pelo menos 700  mortos(dados deste sábado, 23 de março) e danos significativos na infraestrutura em Beira e arredores.

O ciclone Idai continuou em terra como uma tempestade tropical e atingiu o leste do Zimbábue com fortes chuvas e fortes ventos. A tempestade causou ventos fortes e precipitação intensa nos distritos de Chimanimani e Chipinge, causando inundações ribeirinhas e repentinas e mortes subsequentes, bem como destruição de meios de subsistência e propriedades.

Nós nos somamos ao sentimento do escritor moçambicano , conforme mensagem enviada por ele ao seu editor, logo depois da tragédia:

Meu caro

Obrigado pela mensagem. Na verdade, estou eu quase tão destruído quanto a minha cidade. Estava determinado a ir para a Beira para mergulhar no espírito do lugar e agora, segundo me dizem, quase não há lugar. É como se me tivessem arrancado parte da . O Zeferino, logo na sua primeira avaliação, me tinha alertado que a Beira era a personagem central do . Confesso que estou meio perdido. Esta manhã recebi fotografias da igreja do Macuti que está em ruínas. Aquele edifício está profundamente dentro da minha . É como se estivesse a escrever a história de um amigo que, entretanto, morresse. E o problema é bem maior que a Beira. Todo o Centro de Moçambique está por baixo de água: estradas, casas, torres de energia e de telecomunicações estão destruídas. Não consigo saber dos meus amigos que vivem na Beira. Enfim, sabe bem esse seu abraço.

Mia

mia couto idai dnpt Foto: dn.pt

CONFORME ORIENTAÇÃO DA ONU, SAIBA COMO AJUDAR: 

A ONU coordena respostas de emergência como a provocada pelo ciclone Idai por meio do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA). Doações podem ser feitas pelo site https://crisisrelief.un.org/Mozambique-flash-appeal. Informações adicionais sobre a resposta coordenada pelo OCHA estão disponíveis clicando aqui.

O Programa Mundial de (PMA) é uma das agências da ONU que lideram a resposta de emergência na região. Para doar, acesse: https://give.wfp.org.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) abriu um canal direto para doações. Acesse em https://secure.unicef.org.br/Default.aspx?origem=emergencia.

A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) está atuando na região e recebe doações pelo link https://doar.acnur.org.

Fonte: https://nacoesunidas.org/ciclone-idai-em-mocambique-zimbabue-e-malaui-saiba-como-ajudar/amp/

ANOTE:

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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