Piso Salarial: Vitória Histórica da Enfermagem

Piso Salarial: Vitória Histórica da Enfermagem –

Por Flávio Dieguez/ Portal vermelho

A criação do piso salarial nacional representa uma conquista para os 2,5 milhões de profissionais de Enfermagem, dos quais quase 2 milhões são técnicos e auxiliares. O prevê R$ 4.750 para expediente de 30 horas semanais na rede pública, privada ou Santas Casas, com correção anual pelo INPC. Os técnicos receberão R$3.325 e os auxiliares de enfermagem e parteiras, R$ 2.375.
São profissionais mal pagos, em grande medida recebendo salários em torno de R$ 2 mil. É o que mostra a pesquisa que ajudou a fixar o valor do piso no atual : Perfil da Enfermagem no , da Fiocruz, de 2015. Apenas 25% dos profissionais ganham mais de R$ 5 mil, indica a pesquisa.
“O salário médio d@s enfermeir@s é inferior a dois salários mínimos”, avalia o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) autor da proposta original do piso (PL 2.564/20). A na Câmara dos Deputados não vai ser fácil, porque as prefeituras terão despesas extra pesadas, da ordem de R$ 20 bilhões e o país vive sufocado pelo regime de “teto de gastos.”
Mas há boa vontade entre os congressistas. A aprovação no Senado dia 24/11 foi unânime, e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), logo no dia seguinte, prometeu ao Fórum Nacional de Enfermagem agilizar a tramitação. Para a relatora do PL 2.564/20, senadora Eliziane Gama (-MA), a categoria há décadas pelo piso salarial. E ela concorda com Betânia Santos, do Cofen, sobre a admiração da pela Enfermagem, por seu na pandemia. “É muito difícil ficar contra esses profissionais agora”.
A Enfermagem também luta, por ser atividade de risco, pelo regime especial de aposentadoria, ao fim de 25 anos de contribuição, com pensão equivalente a 100% do salário usual. Betânia se diz otimista. Na sua avaliação, a conquista no Senado premiou a imensa mobilização da categoria no país todo, especialmente esse ano, “por meio de lideranças, profissionais, professores, pesquisadores e estudantes”. Em vista disso, diz, “a enfermagem hoje é a imagem da luta em defesa da e de um melhor, para todas e todos”.

Fonte: OutrasPalavras

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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