Tragédia ambiental

PLÁSTICO INUNDA OS OCEANOS

 Plástico descartável inunda os Oceanos

Recentemente, ama ilha pequenina e não habitada, conhecida como Henderson Island, ganhou espaço no noticiário internacional.

Por Eduardo Pereira 

O motivo? Cientistas descobriram que essa ilha solitária, localizada  no meio do vasto Oceano Pacífico Sul é lar para 38 milhões de pedaços de lixo, a maioria deles de plástico. Também estimam que esse volume está aumentando a 13.000 itens por dia.

A razão para  essa pequena massa de terra se tornar um aterro acidental? Ela se encontra num vértice de correntes marítimas que movimenta o lixo oceânico, trazido, principalmente, por navios de carga passando pelo Pacífico.

Uma das pesquisadoras que fizeram a descoberta, Jennifer Lavers, da Universidade de Tasmânia, na Austrália, afirmou “Precisamos repensar radicalmente nosso relacionamento com o plástico. É algo feito para durar para sempre, mas utilizado apenas por momentos e depois descartado”.

Quão severa é a situação global em relação ao plástico descartável? Veja alguns fatos perturbadores pesquisados pela organização EcoWatch:

  • Nos últimos dez anos o mundo produziu mais plástico do que em todo o século 20.
  • Moradores dos Estados Unidos descartam 35 bilhões de garrafas de água todos os anos.
  • Nossos oceanos contém uma média de 29.000 pedaços de plástico para cada quilômetro.
  • A Grande Mancha de Lixo do Oceano Pacífico, perto da costa da Califórnia, é a maior concentração de lixo oceânico no mundo. Trata-se de um grande massa flutuante composta por plástico e outros dejetos que é duas vezes o tamanho do estado de Texas.
  • Um artigo de plástico leva 500 a 1.000 anos para  se decompor. Assim, praticamente todo pedaço de plástico já feito ainda existe. (Todos menos aqueles que forem incinerados, outra ameaça ambiental.es”, porque, ao contrário dos dejetos  recicláveis relativamente limpos como metal, vidro e papel, o plástico descartável encontra-se em grande parte junto com pedaços de comida em decomposição ou restos de bebidas açucaradas.

Primeiro,  seria necessário separar o plástico do dejeto orgânico e depois lavar o lixo para retirar toda oleosidade e podridão dele. Não há cust0-benefício neste processo, nem para as pessoas que desejam reciclar para algum retorno financeiro. “No mundo em desenvolvimento há mais interesse por reciclagem visando lucro, mas a tecnologia é insuficiente”, disse Woodring.

“Não há nenhuma solução fácil” segundo Woodring. “Eu acredito que o plástico descartável é uma das questões mais complexas ameaçando o meio-ambiente hoje. Não iremos eliminar o plástico descartável, porém podemos procurar maneiras melhores para abordar o problema.”

O Fórum de Plástico, The Plasticity Forum, reúne pessoas ecologicamente conscientes de diversos áreas como pessoas da área empresarial, scientistas, especialistas em design de embalagens, recicladores e empreendedores que estão trabalhando em descobrir soluções.

Enquanto não há uma solução única que irá resolver todos os problemas do mundo relacionados ao plástico descartável, Woodring acredita que estamos chegando mais perto em diversos pontos.

“Em  Taiwan, há impostos sobre o plástico e o plástico reciclável tem alto retorno” disse Woodring sobre soluções possíveis.

Latas e garrafas de alumínio em algumas partes do mundo são raramente destinados a aterros, simplesmente pelo fato de haver um benefício com seu retorno. E se você não reciclar seu lixo, outra pessoa fará isso se houver suficiente incentivo monetário.

Inovadores eco-conscientes estão trabalhando continuamente para desenvolver embalagens alternativas livres de plástico que possam ser “comestíveis, solúveis ou feitos por algas. Também há esforços para promover a liquefação de plásticos em locais como hospitais, evitando a necessidade de transportar materiais contaminadoras.

Essa matéria pode ser encontrada na versão original em inglês aqui. (Earth.com

Matéria publicada originalmente em maio de 2017. O problema persiste. E se intensifa. 

LEIA TAMBÉM:

Plástico nos oceanos, um problema que chega às profundezas do oceano

Natureza Ação social

O plástico conseguiu chegar ao ponto mais profundo do planeta: o abismo Challenger, situado a 11.000 metros de profundidade, onde praticamente nem mesmo o homem é capaz de chegar. A descoberta é a melhor prova da dimensão do problema e de que chegou o momento de se conscientizar e fazer o possível para reverter essa situação.

plastico abismo
A expedição do norte-americano Victor Vescovo descobriu neste mesmo ano restos de plástico no abismo Challenger.
O plástico flutua pelos mares de todo o mundo. De fato, conforme dados da Organização das Nações Unidas (ONU) de 2018, os oceanos recebem por ano a impressionante cifra de oito milhões de toneladas de plástico. Mas o que não imaginávamos até agora é que o plástico também fosse capaz de chegar às profundezas marinhas. Um claro exemplo: no ponto mais profundo do planeta, o conhecido abismo Challenger, situado a 10.928 metros de profundidade, a expedição do multimilionário norte-americano Victor Vescovo descobriu neste mesmo ano embalagens de balas e uma sacola plástica. Como elas chegaram até ali? Podemos fazer alguma coisa para evitá-lo? As perguntas diante desse drama ecológico se multiplicam.

 

abismo challenger
5 curiosidades sobre o abismo Challenger.
 

07c2b8aa 0439 82c3 9f91 36afb27bf82b?t=1626323006035  VER INFOGRÁFICO: 5 curiosidades sobre o abismo Challenger [PDF]Link externo, abra em uma nova aba.

Como o plástico afeta o mar? Principais consequências

Atualmente o mundo produz mais objetos de plástico do que nunca, concretamente 500 milhões de toneladas de acordo com o Greenpeace. Muitos desses objetos são plástico de uso único, como garrafas, sacolas, pratos, etc. Tais resíduos, ao serem descartados, podem terminar em um aterro ou, eventualmente, serem reciclados. O problema é que os dados sobre reciclagem, segundo indica esta ONG, não são muito animadores: de todo o plástico produzido em âmbito mundial até hoje, apenas 9% foi reciclado, contra 12% que foi incinerado e 79% que terminou em aterros ou diretamente no meio ambiente.

Por exemplo, quando nos desfazemos de uma garrafa devemos considerar que muito provavelmente ela acabe no mar, embora nossa ação tenha ocorrido a muitos quilômetros de distância. Por isso, é necessário que nos conscientizemos das consequências de nossos atos. A seguir, elencamos três delas:

743033f3 7d79 fb58 05fb 381ced397c95?t=1627366387997 Um mar invadido pelo plástico
Segundo o Parlamento Europeu, em 2018 os oceanos já albergavam mais de 150 milhões de toneladas de resíduos plásticos. E as perspectivas, caso tal tendência não seja revertida, são bastantes pessimistas, pois segundo uma estimativa realizada pela Fundação Ellen MacArthur — organização benéfica especializada na economia circular — até 2050 poderia haver mais plástico do que peixe nos oceanos

6d50c49c 18bc 5926 86aa b0c99653adf4?t=1627366388491 Perdas e investimentos milionários
Os setores que dependem do mar sofrem as consequências. Segundo a União Europeia (UE) os danos e perdas para o setor da pesca em 2018 atingiram a cifra de 61,7 bilhões de euros. Além disso, a limpeza das costas e praias da Europa tem um custo anual que se situa entre 194 e 630 milhões de euros segundo indica Joanna Drake, Diretora-Geral Adjunta de Meio Ambiente na Comissão Europeia.

7eec9622 5b8f 4f78 5ad1 4be1caa0ae0d?t=1627366388989 Presença de microplásticos na cadeia alimentar
O plástico localizado nos oceanos se decompõe paulatinamente em microfragmentos que são ingeridos pela fauna marinha, o que faz com que cheguem à nossa alimentação com consequências ainda desconhecidas para a saúde humana. Em 2016, de acordo com um estudo da FAO, até 800 espécies de moluscos, crustáceos e peixes já sabiam o que era comer plástico.
 

Cinco formas de proteger os oceanos

Os oceanos estão passando por uma crise sem precedentes devido à mudança climática, sobrepesca, poluição (aqui é onde entra o plástico) e destruição dos habitats marinhos. São problemas originados pela ação do ser humano, no entanto a boa notícia é que a solução também está em suas mãos. A responsabilidade dos fabricantes e governos é óbvia, mas não podemos deixar de lado o papel desempenhado pelo consumidor. Cada pequena ação é importante, tal como certificar-se de que os resíduos são depositados nas lixeiras adequadas. Os consumidores têm poder e podem conseguir um impacto global.

A forma definitiva de proteger os oceanos é evidente, mas muito complexa de ser realizada: reduzir o uso e consumo de plástico, especialmente do plástico de uso único mencionado anteriormente, o qual é responsável por 49% da poluição marinha, de acordo com os dados (2018) do Parlamento Europeu. Além disso, há pequenos gestos cotidianos que podem contribuir significativamente para reduzir a presença do lixo plástico nos mares. Por exemplo:

4a84e688 5fc2 1c17 0a83 ad34ce42331d?t=1627366390853Substituir as sacolas plásticas por outras reutilizáveis de tecido ou fibra.

0f63ecbe e362 8db4 86d4 ec2e7d223f7f?t=1627366391398Reduzir o consumo de copos, pratos, talheres ou garrafas de plástico.

2c222218 6ac3 98b2 12af fe284559b874?t=1627366392087Comprar comida a granel e evitar os produtos que tenham embalagens de plástico.

dd5b2ae9 6c1a 633a 2738 94f3596a1d7c?t=1627366392471Substituir os recipientes de plástico pelos de metal ou vidro.

35781690 0867 846b 2e91 af8d86c40dfb?t=1627366392852Evitar o uso de cosméticos que tenham em sua composição microesferas de plástico.


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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