Plenária do SINTEGO 2019 “professor Júlio César Barroso de Souza” reforça importância e resistência do movimento sindical  

Plenária do SINTEGO 2019 “professor Júlio César Barroso de Souza” reforça importância e resistência do movimento sindical  

Ocorreu nos dias 16 e 17 de agosto a Plenária Sindical do SINTEGO 2019, que levou o nome do professor Júlio César Barroso de Sousa, morto a tiros no dia 30 de abril, por um estudante da Escola Estadual Céu Azul, em Valparaíso de Goiás. Júlio César foi assassinado durante seu horário de trabalho, dentro da unidade escolar. A tragédia sensibilizou a todos/as, por apresentar um caso de violência extrema no ambiente escolar, além de interromper precocemente a vida de um professor que dedicou a sua vida pela Educação.

A Plenária foi concentrada na Câmara Municipal de Goiânia, situação em que foram discutidas questões internas do Sindicato como as prestações de contas, plano de lutas, calendário de atividades, entre outras pautas.

Para a análise de conjuntura política, o convidado foi o professor, ex-deputado federal e ex-presidente da CNTE, professor Carlos Augusto Abicalil, que criticou a militarização das escolas, a falta de alegria e criatividade que ela pode gerar, além da não resolução dos problemas com a rigidez disciplinar nos uniformes e cortes de cabelo, citando emocionado e embargado a história do professor Júlio César.

Abicalil apontou os absurdos que o Ministério da Educação (MEC) e o governo de Jair Bolsonaro estão cometendo com a Educação brasileira. Concordamos que é preciso a união da Educação Básica às universidades para contrapor as atrocidades deste governo, além do respeito à diversidade em qualquer forma de manifestação.

Conforme a fala do professor Abicalil, o projeto que está sendo gestado por esse governo acaba com a solidariedade social e nos leva de volta a uma proposta desenvolvida no século XX, que se trata apenas de conquistas individuais, para pessoas iguais, de mesma cor, mesma conta bancária, mesma órbita política, e que convergem para liquidar forças inimigas.

Também participou de forma honrosa da Plenária do SINTEGO o reitor da Universidade Federal de Goiás, professor Edward Madureira Brasil. Ele falou sobre os terríveis cortes na Educação e seus impactos na Sociedade. Segundo Edward, a UFG não consegue se manter a partir de setembro/2019, o que causa profunda indignação diante de todos os absurdos praticados pelo Governo Federal, principalmente em relação à Educação, desconsiderando o pensamento crítico, estudos e pesquisas, e incentivando o desmonte do ensino superior público de qualidade.

As participações engrandeceram a nossa Plenária, levando os/as mais de 400 delegados/as, de todas as regionais sindicais, a uma profunda reflexão sobre o momento histórico complicado pelo qual passamos. Nesses dois dias, foi reforçada, e reafirmada, a importância do movimento sindical, sua resistência nesse enfrentamento e, também, a necessidade de que sejam discutidos os sinais de fascismo que são percebidos sem muita dificuldade no Governo Federal do Brasil.

Prova disso, mais uma conquista do SINTEGO foi anunciada para toda a categoria na Plenária. Após muita luta do sindicato, o Governo Estadual acenou que pagará o reajuste do Piso Salarial para os/as professores/as e da Data-base dos/as administrativos/as na folha do mês de setembro, além do auxílio-alimentação retroativo a fevereiro/2019, fruto da greve da Educação!

O SINTEGO, mais uma vez, ressalta que não se retirará da luta jamais, bem como não aceitará nenhum direito a menos diante de tantos anos de militância, numa história tão cheia de vitórias para a classe trabalhadora!

#SINTEGONALUTA

Bia

Bia de Lima. Educadora. Presidenta do Sintego.

 

 

[smartslider3 slider=25]

Deixe seu comentário

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

PARCERIAS

CONTATO

logo xapuri

REVISTA

💚 Apoie a Revista Xapuri

Contribua com qualquer valor e ajude a manter vivo o jornalismo socioambiental independente.

A chave Pix será copiada automaticamente.
Depois é só abrir seu banco, escolher Pix com chave (e-mail), colar a chave e digitar o valor escolhido.