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POVOS INDÍGENAS DO RS: MUITA RESISTÊNCIA PELA FRENTE

Povos Indígenas do RS: Muita resistência pela frente 

Por conta das enchentes, muitas comunidades indígenas tiveram de sair de suas terras, cerca de 70% delas foram atingidas, outras tantas também sofreram com os alagamentos e chuvas fortes. Tudo isso trará um impacto gigantesco sobre todas elas, que terão uma longa jornada pela frente. 

Por Carlos Messalla 

O Governo Federal vai destinar verba a princípio no valor de 21,4 milhões para atendimento das aldeias no Estado. O Rio Grande do Sul possui oficialmente quatro  etnias indígenas presentes, compostas por uma população total de 36.096 IBGE, 2022): Charrua, Kaingang, Mbyá-Guarani e Xokleng.

POVOS INDÍGENAS DO RS: MUITA RESISTÊNCIA PELA FRENTE
Foto: Carlos Messalla

A comunidade Kaygangue Fag Nih da Lomba do Pinheiro, bairro distante de Porto Alegre sofre como todos os demais moradores do estado.

Muitos não tiveram de sair de suas casas mas lhe faltou água potável, roupas e mantimentos.  O Governo traçou metas de ajuda emergencial, mas a aldeia Fag Nih e outras aldeias continuam precisando de ajuda. 

Conversamos com a Professora Kaninhka (Vera L. da Rosa), que leciona na escola indígena local se preocupa com as crianças e sua educação.

A professora cita o grande número de indígenas que estudam na UFRG, cerca de 400, cujas rotinas foram mudadas, da mesma forma  que outros  impactos estão acontecendo e gerando tremendas dificuldades para nas aldeias: 

“A grande maioria das pessoas na nossa comunidade tira sua renda através do artesanato feitos por nós mesmos.  Porto Alegre continua com muitos problemas,  o transporte está difícil para nós, não temos como ir aos locais onde normalmente vendemos nossa arte.”

Kaninhka fica reflexiva sobre o desenrolar deste trágico que o Rio Grande do Sul, e termina com uma reflexão positiva:  

“Somos um povo resiliente, lutamos contra várias adversidades e as superamos, espero realmente as pessoas e os governantes, vejam a importância de cuidar da natureza, vamos nos reerguer.”

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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