SEMANA CHICO MENDES 2024 CELEBRA MEMÓRIA E LEGADO DE CHICO
Passados os festejos natalinos, as comemorações pela chegada no novo ano e a festa dos três reis magos, tomamos fôlego para escrever sobre a Semana Chico Mendes, realizada anualmente de 15 a 22 de dezembro. Dia de nascimento e do assassinato do seringueiro que se tornou patrono do meio ambiente nacional.
Chico Mendes, se estivesse vivo, em 15 de dezembro do ano passado, completaria 80 anos. Os antigos companheiros e companheiras, que criaram o Comitê Chico Mendes na noite do assassinato (para lutar por justiça e levar o assassino e o mandante a julgamento), e a nova geração de extrativistas, que vem dando continuidade à luta dos povos da floresta, se reuniram em Xapuri e Rio Branco, para comemorar o aniversário de vida e dizer ao Brasil e ao mundo: “Chico Vive!”
Em Xapuri, na abertura do evento, estavam pessoas de vários lugares do Acre, do Brasil e de outros países. O salão paroquial da igreja de São Sebastião (padroeiro da cidade), onde Chico foi velado, estava lotado. Desta vez, ao invés do caixão funerário, um singelo painel ornamentado com balões, flores e o nome em letras douradas, dizia que aquele era um dia de celebrar a vida.
Diferente de outras Semanas já realizadas, a última do ano que passou teve um clima de festa. Teve premiações, reencontro de amigos, falas emocionadas e recordações dos momentos alegres da convivência com Chico, e, claro, teve bolo de aniversário, distribuído em uma delicada embalagem com a foto do aniversariante.
Contudo, o clima festivo não impediu que Angela, a filha que atualmente coordena o Comitê Chico Mendes, chamasse a atenção para a juventude que tem se engajado na luta em defesa do meio ambiente e na conservação do legado do seu pai.
Aliás, os e as jovens que compõem o Comitê Chico Mendes, o Coletivo Varadouro, moradores das Reservas Extrativistas ou residentes nas cidades, estão se destacando como protagonistas da luta socioambiental. Os “jovens do futuro”, que fariam a revolução socialista sonhada por Chico, estão fazendo novos “empates”, agora no ciberespaço. Chico, que sempre esteve à frente de seu tempo, certamente, onde estiver, está orgulhoso dessa juventude.
VOZES DA FLORESTA – 3ª EDIÇÃO
No dia 19 de dezembro passado, a Editora Xapuri Socioambiental lançou a terceira edição do livro Vozes da Floresta. O evento aconteceu no Centro de Convenções da Universidade Federal do Acre-UFAC e fez parte da programação da Semana Chico Mendes em Rio Branco, capital do estado do Acre.
Organizado pela Jornalista Zezé Weiss, o livro, produzido pelo Comitê Chico Mendes com o apoio da Fundação Banco do Brasil, reúne depoimentos de familiares, amigos, conhecidos e pessoas que, em algum momento, tiveram contato com Chico Mendes e sua luta em defesa da floresta e dos seringueiros.
O jornalista Elson Martins (amigo de Chico e fundador do Jornal Varadouro), membro do Conselho editorial da Revista Xapuri Socioambiental, falou para professores, acadêmicos e convidados da sociedade civil sobre a importância do livro Vozes da Floresta enquanto registro da memória da luta de Chico Mendes.
Na plateia estavam as filhas de Chico, Angela e Elenira Mendes, e a neta Maria Helena, filha de Elenira. Três jovens mulheres que carregam sobre os ombros o peso de um legado e o compromisso em dar continuidade à luta em defesa da floresta, da Amazônia e do planeta.
Quando convidada a falar, emocionada, Angela disse que por ter convivido pouco tempo com Chico, os depoimentos que lê no livro Vozes da Floresta permitem que ela possa conhecer mais profundamente o pai, o homem político que Chico foi e a dimensão da sua luta. E isso a fortalece para seguir lutando pelas mesmas causas.
<
p style=”text-align: justify;”>Marcos Jorge Dias – Jornalista e escritor. Conselheiro da Revista Xapuri.