Lava jato: Paulo Pimenta quer reabrir as denúncias de Tacla Duran

Lava jato: Paulo Pimenta quer reabrir as denúncias de Tacla Duran

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O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) protocolou na terça-feira (21), representação na Procuradoria-Geral da República na qual requer o desarquivamento de três denúncias feitas por ele e outros deputados do PT em 2017 e 2018 sobre relato do ex-advogado da empreiteira Odebrecht Rodrigo Tacla Duran a respeito de um esquema criminoso que funcionou na Operação Lava Jato envolvendo procuradores da República, o ex-juiz e seu amigo, o advogado Carlos Zucolotto.

Na representação, endossada pelo líder da Bancada do PT na Câmara, Enio Verri (PR), Paulo Pimenta requer que no bojo das tratativas da PGR com Tacla Duran, para obtenção de uma delação premiada, sejam iniciadas investigações das práticas delituosas da força-tarefa da Lava Jato denunciadas pelo PT com base em relatos do advogado, que vive na Espanha.

As denúncias de Duran são baseadas em farta documentação que coloca em xeque não apenas a totalidade das delações dos executivos da Odebrecht no âmbito da operação, mas também de todas as denúncias construídas a partir dessas delações e de outros dados coletados a partir de sistemas de informações da empreiteira.

Esquema Zucolotto
Duran denunciou o chamado “esquema Zucolotto”, em que o advogado, ex-sócio da esposa de Sérgio Moro, Rosângela Moro, e padrinho de casamento do casal, teria funcionado como intermediador do seu acordo de delação com o Ministério Público. Disse ainda que o amigo da família Moro foi autor de uma proposta de redução de US$ 10 milhões na multa a ser cobrada dele, caso fizesse um pagamento de US$ 5 milhões “por fora”, além de um abrandamento de pena – de regime fechado para domiciliar.

Na nova representação à PGR, Paulo Pimenta propõe a adoção de providências legais, cíveis e criminais, contra Moro e os procuradores, além das revisões das investigações e eventuais condenações com base nas provas obtidas em “ilegalidades e ilicitudes perpetradas por eles”. Na representação, Pimenta recorda que houve “graves e acerbas práticas irregulares” na Lava Jato, com “manipulação de prova pericial, constatada inclusive em laudo da Polícia Federal, pelos Procuradores da República”, tudo com o “beneplácito do então Juiz Sérgio Moro”.

A iniciativa de Pimenta coincide com a decisão do procurador-geral da República, Augusto Aras, de desengavetar um acordo com Tacla Duran que mira Zucolotto.

Máfia de Curitiba
No documento, o parlamentar reitera a denúncia feita três vezes à ex-procuradora-geral Raquel Dodge sobre os esquemas de Zucolloto “em negociações de colaboração premiada com investigados, a envolver vultosas cifras financeiras” paralelamente à atuação de Sérgio Moro, o juiz que abandonou a toga para entrar na depois de ajudar eleger Jair Bolsonaro.

Pimenta lamentou o fato de a PGR não ter levado à frente às denúncias feitas em 2017 e 2018 e observou que a decisão de Aras de retomar as conversas com Tacla Duran para um possível acordo de colaboração premiada poderá finalmente elucidar “todos os meandros das acusações constantes das” representações anteriores do PT.

Omissão de Raquel Dodge
Em maio de 2018, pela terceira vez, num período de cinco meses, os deputados Paulo Pimenta, então líder do PT na Câmara, Wadih Damous (PT-RJ) e Paulo Teixeira (PT-SP) cobraram da Procuradoria-Geral da República investigação das denúncias feitas por Tacla Duran.

Na ocasião, os petistas levaram extensa documentação, boa parte dela periciada na Espanha, além de depoimento de mais de quatro horas de Tacla Duran, em que ele detalhou uma série de irregularidades envolvendo procedimentos adotados por procuradores, juízes, empresas e delatores na operação Lava Jato. A então procuradora-geral Raquel Dodge não tomou nenhuma providência em relação às denúncias, segundo os deputados.

Os documentos entregues à Procuradoria demonstraram ter havido manipulação dos sistemas Drousys e MyWebDay, que eram os sistemas de informações operados pela Odebrecht, dentro e fora do , com dados acerca das transações da empreiteira. Tal relevância exigiria um posicionamento do órgão, já que a PGR havia apresentado denúncias com base em planilhas, cujos conteúdos foram formalmente questionados – a partir de provas – desde dezembro de 2017.

Perícias
“Não estamos falando de suposições, estamos falando de depoimentos, de provas, de planilhas de perícias, estamos oferecendo testemunha [Tacla Duran] e esperamos ter uma resposta conclusiva da PGR”, disse, à época, Paulo Pimenta, a lamentar a falta de por parte da PGR.

O deputados reforçaram que os fatos apontavam claramente a possibilidade de tráfico de influência no âmbito da Lava Jato; favorecimento de advogados ligados a um ou outro procurador, inclusive com relação de parentesco entre advogado e procurador; e fraude em planilhas que serviram para condenar pessoas.

Fonte: Blog do Esmael

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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