Tartaruga-de-pente: A mais tropical de todas as tartarugas marinhas

TARTARUGA-DE-PENTE: A MAIS TROPICAL DE TODAS

Tartaruga-de-pente: A mais tropical de todas as tartarugas marinhas

A tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), também conhecida como tartaruga-legítima, é a mais tropical de todas as tartarugas marinhas e encontra-se distribuída pelos oceanos Atlântico, Índico e Pacífico…

Por Eduardo Pereira

Criticamente ameaçada de extinção, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN), a tartaruga-de-pente, espécie de réptil da ordem Testudines e da família Cheloniidae, vive nos recifes de corais e em regiões de águas costeiras rasas, sendo raramente encontrada em grandes profundidades.

A tartaruga-de-pente não é tão grande quanto a tartaruga-de-couro, porém chega a atingir 114 cm de comprimento de carapaça e seu peso é de até 150 kg. Assim como as outras tartarugas marinhas, essa espécie apresenta um ciclo de vida longo, e a maturidade sexual só é atingida após os 25 anos de idade.

De cor marrom-amarelado, seu casco é formado por quatro placas laterais que se imbricam como telhas. Sua cabeça é pequena e alongada. O bico parece o de um falcão. Alimenta-se de esponjas, anêmonas, lulas e camarões.

Sua desova ocorre normalmente à noite, e a época de reprodução ocorre entre os meses de novembro e março. No Brasil, a tartaruga-de-pente desova no litoral da Bahia, Sergipe, Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará, Espírito Santo e Pernambuco, mas sobretudo no litoral norte da Bahia, onde é possível observar até mil desovas em cada temporada reprodutiva.

Em cada postura, as tartarugas colocam até 135 ovos, e o sexo dos filhotes é determinado pela temperatura do ninho. Quando a temperatura está mais elevada, mais fêmeas nascem; quando está mais frio, são produzidos mais machos. Sendo assim, podemos concluir que no litoral baiano, que é uma grande área de desova, nasce um maior número de fêmeas.

Em média, a cada mil filhotes nascidos, apenas um atinge a maturidade. Isso ocorre pela dificuldade de sobrevivência em virtude da grande quantidade de predadores, do ciclo de vida longo e, principalmente, da ação humana, que polui o ambiente em que esses animais vivem, além de promover a caça indiscriminada.

Antigamente seu casco era usado na fabricação de pentes, daí o seu nome.

Fontes: www.tamar.org.brhttps://brasilescola.uol.com.br, com edições de Eduardo Pereira.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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