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Uma Vida para Contar: Sai o livro de memórias do Dr. Filomeno

Uma Vida para Contar: Sai o livro de memórias do Dr. Filomeno

Uma Vida para Contar: Sai o livro de do Dr. Filomeno

Prosa vai, prosa vem, um belo dia descubro que o cardiologista que me atende é também escritor, e dos bons. Aliás, bem antes de descobrir o escritor A.P. Filomeno, acabei me encantando pelo humanismo do médico cardiologista, o famoso Dr. Filomeno.

Foi no ano da graça de 2015, em uma daquelas tardes nubladas e chuvarentas que por vezes escondem o céu limpo de Brasília no final do mês de novembro. Apareci para fazer um exame de risco cirúrgico e, enquanto o médico lia o resultado dos exames, observei que trazia na mão um bonito anel todo entalhado em  ouro e prata.

Pra puxar conversa, perguntei de que bodas era o anel. E o doutor me respondeu algo pelo estilo: “Esse anel não é de bodas. Foi um guru da Índia que me deu o desenho. Uso sempre para aliviar a tensão, principalmente quando estou com pacientes graves”. Pronto: de minha parte, deu-se ali a conexão. Passei a gostar do médico que usa anel indiano pra aliviar a tensão da medicina.

Mas lá se foi um ano até que tive que voltar outra vez pro cardiologista para novo risco cirúrgico. Dessa vez, enquanto esperava pela consulta, vi na prateleira do consultório o livro “De Laguna a Brasília – luta e “. Comprei, trouxe pra casa e li de uma sentada. O livro tem relatos únicos e imperdíveis sobre os anos de chumbo da , em especial na Universidade de Brasília.

Agora no começo de novembro, quando fui buscar o laudo da perícia para novo risco cirúrgico, puxei mais prosa. Pedi para publicar os capítulos do livro no site da Xapuri (venho publicando e, como diz meu neto Nilo, vem bombando!). Foi então que soube do novo livro, que estava pra sair. Uma espécie de memórias consolidadas, me disse o  doutor do anel de outro e prata.

Outro dia recebi uma chamada do Dr. Filomeno. Era pra dizer  do “Uma Vida pra Contar -Memórias, Histórias e alguns poemas”, que estava pronto, com lançamento marcado para este dia 23 de novembro. Não resisti, peguei a estrada, cortei os 100 km que me distanciam do coração de  Brasília e fui dar uma espiada em um exemplar quentinho, recém saído da gráfica.

Chegando lá, fiz umas fotos (não sou fotógrafa, só quebro um galho), “emprestei” a cópia do doutor e peguei a estrada de volta, pra não mais parar de ler desde que cheguei em casa. O livro é uma beleza!

Uma Vida para Contar: Sai o livro de memórias do Dr. Filomeno

UMA VIDA PARA CONTAR

O fascinante livro do Dr. Filomeno que acaba de sair do prelo tem por título “Uma Vida para Contar – Memórias, Histórias e alguns Poemas”. O livro consolida e aprimora os textos de seus escritos anteriores ao longo de suas sete décadas de vida.

O livro traz também relatos originais, divertidos, polêmicos, instigadores e fundamentais para quem quer conhecer um pouco mais sobre os meandros do acontecer em Brasília dos anos 60 aos dias atuais.

Ao longo da obra, fica marcada a presença consciente e irreverente do autor: “Escrevi como quem olha para um espelho, vendo a si mesmo. Alguns relatos são polêmicos e despertarão críticas e protestos. Mas, porque não escrevê-los?

Sim, que bom que o Dr. Filomeno escreve sobre essa bonita de um menino que chega a Brasília, vindo do Sul, cheio de sonhos… de um jovem universitário que enfrenta, na Universidade de Brasília, os desafios do mundo acadêmico durante os anos de chumbo da ditadura militar.

E que bom que não se esquiva do relato dos fatos polêmicos que lhe tocou viver como profissional da medicina, como o atendimento a clientes famosos, incluindo os “casos médicos” das mortes de proeminentes políticos como Petrônio Portela e Luiz Eduardo Magalhães.

Viver para Contar é um livro de 520 páginas, fora as capas. Um livro para ler com calma, absorvendo de cada capítulo a essência de uma história inusitada, surpreendente, inesperada. Eu seu epílogo, o Dr. Filomeno conclui:

Uma Vida para Contar: Sai o livro de memórias do Dr. Filomeno

… Relatei entre lapsos e lampejos, entre sorrisos e lágrimas, o que a memória me permitiu nos meus setenta anos. Fui sincero e fiel aos fatos… ah, isso fui!

Foi até fácil, pois a realidade ultrapassou em muito a ficção que eu poderia ter utilizado, aproveitando a licença (sem ser ) que todo escritor tem.

O deslumbramento da existência fala por si só. Vamos, pois, amar a vida, sem tentar defini-la, e viver o momento presente em toda a sua plenitude.

Encerro aqui a minha carreira literária. Não tenho quase mais nada a contar.

Só me resta envelhecer, sorrir, ter fé, amar e esperar”.

Dr. Filomeno, depois de tanto contar, e de tão bem contar, o senhor não haverá de fazer uma sacanagem dessas: nada de parar de escrever, nada de parar de narrar essas coisas que a gente só encontra em seus escritos! Que venha logo um outro livro, e outro, e muitos outros!

 

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ANOTE AÍ:

ANTONIO PAULO FILOMENO – Nasceu em Lagunas, Santa Catarina, em 20 de janeiro de 1946. Migrou pra Brasília em 1966, onde cursou a Faculdade de Medicina na Universidade de Brasília. Pioneiro de Brasília, é detentor da Comenda Centenário J.K. e Cidadão Honorário de Brasília, título concedido pela Câmara Legislativa do Distrito Federal em 2002.  É também titular do Prêmio Brasília, concedido pela Associação Médica de Brasília, membro da Academia de Letras do /DF – Cadeira Número IV, Patrono: Darcy Ribeiro, e membro da Academia de Letras de Brasília, Cadeira XXXIII, Patrono: Manuelito de Ornelas.

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VIVER PARA CONTAR – MEMÓRIAS, HISTÓRIAS E ALGUNS POEMAS. Crio, Gráfica, Editora e Comunicação, ME – 520 páginas – R$ 50. Compras e encomendas diretamente com o autor, via e-mail: apfilomento@terra.com.br.

MÉDICO SEM FRONTEIRAS –  Parte dos fundos arrecadados com este livro será destinada à Organização Humanitária Internacional Médico Sem Fronteiras, entidade sem fins lucrativos “que oferece ajuda médica e humanitária a populações em situações de emergência, em casos como conflitos armados, catástrofes, epidemias, e exclusão social.”


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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