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VINI JR.: GOLAÇO PELA CIDADANIA

 Vini Jr., craque inesquecível, fez um golaço pela cidadania

“Não sou vítima do racismo. Sou algoz de racistas” – Vini Jr. 

Por Paulo Moreira Leite, via Brasil 247 

Vini Jr. será celebrado não apenas pelos gols e dribles, mas pelo espírito de luta para defender a dignidade de um povo. Ao condenar três torcedores a oito meses de prisão por ofensas racistas contra Vini Jr., a Justiça espanhola entregou uma medalha de cidadania ao craque brasileiro, autor de 20 das 37 denúncias de racismo nos estádios em curso na Justiça daquele país.
 
“Não sou vítima do racismo. Sou algoz de racistas”, escreveu e disse Vini Jr., repetidas vezes, sempre que era questionado — com suspeitíssima frequência — pelos jornalistas espanhóis, incapazes de esconder a convicção de que se tratava de uma causa sem futuro.

A Justiça daquele país sequer tipifica o racismo como crime, o que torna o caminho para investigar qualquer denúncia ainda mais difícil — e só reforça a importância da decisão de ontem.

Os cartolas do futebol espanhol, um dos mais ricos e prósperos do planeta, campeão de importação de craques estrangeiros, em grande parte pretos como Vini Jr., também se mobilizaram para manter o caso longe da Justiça.

A vitória comprovou que estava com razão — e pode-se apostar que, desde já, o craque Vini Jr. será celebrado, também no Brasil, não apenas pelos gols belíssimos e dribles de tirar o fôlego, mas pelo espírito de luta para defender a dignidade de um povo perseguido e escravizado desde a Colonização.

Alguma dúvida?

Vini Jr.

Vini Jr.  – Foto: Pablo Morano/Reuters. Imagem de Capa: Reprodução/Twitter Real Madrid

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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