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24 de fevereiro: Dia da Conquista do Voto Feminino no Brasil

Desde o ano de 2015, celebramos o dia 24 de fevereiro como o “Dia da Conquista do Voto no “, conforme a lei 13.086/15, sancionada por , a primeira mulher eleita presidenta do Brasil, conforme publicação do Diário Oficial da União em 8 de janeiro de 2015.

O 24 de fevereiro foi escolhido a partir do PL 4.765/09, da federal Sueli Vidigal, porque foi nesta data, no ano de 1932, que o presidente Getúlio Vargas reconheceu, no Código Eleitoral Provisório, por meio do Decreto 21076,  a conqusita das sufragistas brasileiras ao direito ao voto feminino. Foi um vitória histórica, ainda que parcial.

Segundo o Código Eleitoral da época, podiam votar apenas as mulheres viúvas, solteiras e com renda própria. As mulheres casadas dependiam de autorização do marido. A retirada dessas restrições foram sendo eliminadas do Código Eleitoral aos poucos e, somente em 1934, as mulheres tiveram pleno direito ao exercício do voto. Em 1946 o voto passou a ser obrigatório também para as mulheres.

Voto Feminino Decreto Dilma

Conquista histórica

O direito ao voto foi uma conquista das mulheres brasileiras que, na verdade, desde os tempos do Império lutavam para deixarem de serem cidadãs de 2a classe, condição a que nós mulheres vivemos subjugadas em nossa patriarcal por séculos. A luta pelo voto era, portanto, prte de uma em batalha longa e renhida pelo direito à própria .

O artigo 70 da Constituição de 1891 deixava claro o papel da mulher no processo eleitotal:  “são eleitores os cidadãos maiores de 21 anos que se alistarem na forma da lei”, ou seja, somente os homens, não as mulheres, que em resposta começaram a se organizar e a criar seus próprios partidos políticos.

Voto Feminino Fotne Di%C3%A1rio Carioca 1932Diário Carioca – 1932

Cronograma das primeiras Conquistas

1910: Leolina Daltro fundou o Partido Republicano Feminino.

1922:  Bertha Lutz cria a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF) e intensifica a ocupação das galerias do Congresso pedindo pelo voto feminino. “Votar não é um privilégio, uma recompensa que se dê aos cidadãos altamente especializados para exercerem essa função. É uma obrigação de todos. (…) É bem possível que a interferência da mulher na vida pública, armada do poder de legislar e influir sobre a , seja o meio mais eficaz de assegurar às mães do futuro a possibilidade, que hoje não existe mais, senão nas classes privilegiadas, de se dedicarem, inteiramente, a santa missão (…) Senhores senadores, no Brasil já há eleitoras (…)” (Trecho retirado do livro Dicionário Mulheres do Brasil).

1927 – 25/11:  Em Mossoró/RN, aconteceu a primeira concessão de voto à mulher para a professora Celina Guimarães Viana. Celina conseguiu o reconhecimento de seu direito por meio da lei estadual 660/1917, na qual constava a possibilidade do voto feminino. Consta no art. 77 da referida lei: “No Rio Grande do Norte poderão votar e ser votados, sem distincção de sexos, todos os cidadãos que reunirem as condições exigidas por esta lei.” Não satisfeita com um “privilégio” tão local , a professora encaminhou telegrama ao presidente do senado Federal para que, em nome das mulheres brasileiras, fosse aprovado projeto de lei instituindo o voto feminino amparando os direitos políticos a elas reconhecidos pela CF.

1928: Mais uma vez o do Rio Grande do Norte seria palco de uma conquista feminina. Depois de Celina conseguir o título de primeira eleitora, foi a vez de Luíza Alzira Soriano Teixeira ser a primeira prefeita eleita no Brasil e na , na cidade de Lajes/RN.

1932: Direto ao voto feminino entra no Código Eleitoral Provisório.

1934: Restrições ao voto feminino são retiradas do Código Eleitoral, embora a obrigatoriedade do voto fosse um dever masculino.

1936: Foi eleita a primeira mulher deputada federal, Carlota Pereira de Queiroz, médica paulista. A cientista Berta Lutz foi primeira suplente do Distrito Federal quando assumiu o mandato em 1936.

1946: A obrigatoriedade do voto é estendida às mulheres.

Dê o play no vídeo abaixo e saiba mais da luta das mulheres para conquistar o voto feminino:

Fontes:

https://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI274136,51045-Cidadania+da+mulher+a+conquista+historica+do+voto+feminino+no+Brasil

https://jornalggn.com.br/noticia/24-de-fevereiro-o-dia-da-conquista-do-voto-feminino/

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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