25 anos sem Dom Helder Câmara
Um dos principais artífices da “Igreja dos Pobres”, o líder católico teve e ainda tem grande influência em variados segmentos do catolicismo. É considerado um dos principais sacerdotes brasileiros no século 20. Desde o seu tempo como padre, esteve envolvido com questões sociais. Tendo na juventude flertado com o reacionarismo da Ação Integralista Brasileira, de Plínio Salgado, logo se desiludiu e abandonou a AIB, dedicando-se integralmente às causas sociais.
No Rio de Janeiro, onde passou parte de seu período sacerdotal, fundou, em 1956, a Cruzada São Sebastião, um conjunto habitacional popular em um dos bairros mais elitizados do país. Empreendimento que perdura até os dias atuais.
Ainda na década de 1950 fundou a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a CNBB. Sendo também membro fundador da Conferência Episcopal da América Latina, a CELAM. Delegado ao Concílio Vaticano II, organizou um manifesto com 40 assinaturas de próceres do clero em que “Juravam viver com simplicidade vidas, abandonando todos os sinais de riqueza, e colocando os mais pobres da sociedade no centro de seu ministério”.
No período inicial da ditadura, em 1964, foi nomeado arcebispo de Olinda e Recife. Grande defensor dos humilhados e ofendidos. Profundamente comprometido com os direitos humanos e crítico ferrenho da repressão, foi perseguido tenazmente pelo regime.
No dia 27/05/1969, o padre Antônio Henrique Pereira da Silva Neto, auxiliar de Dom Helder, foi sequestrado, torturado e assassinado na cidade do Recife. O crime bárbaro foi interpretado como uma forma de atingir e amedrontar o Cardeal. Ledo engano.
“Querem que eu me proteja. Querem que eu não ande só à noite, e que não durma só. Mas quem disse que eu ando só? Andam e dormem comigo o Pai, o Filho e o Espírito Santo”, disse o cardeal na missa de corpo presente do padre Henrique.
O Cardeal frasista
Que o exemplo de Dom Helder permaneça e frutifique. Que seu exemplo ajude a memória do povo a romper com o reacionarismo e o individualismo. Atitudes vis que destroem o tecido social no Brasil e no mundo. A seguir, duas de suas emblemáticas citações que nos inspiram:
“Quando dou comida aos pobres, me chamam de santo. Quando pergunto por que eles são pobres, chamam-me de comunista”.
“Carnaval é a alegria popular. Direi mesmo, uma das raras alegrias que ainda sobram para a minha gente querida. Peca-se muito no carnaval? Não sei o que pesa mais diante de Deus: se excessos, aqui e ali cometidos por foliões, ou farisaísmo e falta de caridade por parte de quem se julga melhor e mais santo por não brincar o carnaval! Brinque, meu povo querido! Minha gente queridíssima.
É verdade que quarta-feira a luta recomeça. Mas ao menos se pôs um pouco de sonho na realidade dura da vida”.