28° Grito dos Excluídos tem manifestação por todo país neste 7 de setembro

28° Grito dos Excluídos tem manifestação por todo país neste 7 de setembro

28° Grito dos Excluídos tem manifestação por todo país neste 7 de setembro

“Independência para quem?” é o tema da 28º edição do Grito dos Excluídos, marcada pelo bicentenário da independência…

Por Mauro Utida/via Mídia Ninja

No dia que se comemora os 200 anos Independência do , neste 7 de setembro (quarta-feira), movimentos sociais, religiosos e centrais sindicais, vão às ruas para o tradicional Grito dos Excluídos, mobilização que acontece em todo o país desde 1995.

A 28ª edição do Grito dos Excluídos ocorre em um ano histórico em que o Brasil vai escolher que deseja para seu povo. Por isso, os movimentos sociais saem às ruas para reforçar que necessidade de defesa e construção de um projeto popular para o país, em que as populações mais vulneráveis estejam, de fato, no centro de políticas de .

“Independência para quem?” é o tema da 28º edição do Grito dos Excluídos, marcada pelo bicentenário da independência. O objetivo é refletir sobre a trajetória do Brasil e de sua população mais pobre – população que ficou fora do centro das políticas da maioria dos governos ao longo desses 200 anos.

O grito que não cala

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24º Grito dos Excluídos em Belo Horizonte. Foto: Mídia NINJA

Neste ano, a campanha tem como pauta à defesa da democracia e a luta por inclusão, direitos, políticas públicas que garantam dignidade às populações mais vulneráveis como segurança, saúde e .

Assim como no ano passado, a mobilização vai cobrar o descaso do governo de Jair Bolsonaro na pandemia da que resultou na morte de milhares de brasileiros, que poderiam ter sido evitadas se fosse adotado uma política de saúde responsável seguindo as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Recentemente, Bolsonaro foi condenado pelo Tribunal Internacional dos Povos por crimes contra a humanidade cometidos durante a pandemia da covid-19 e indicou que uma outra política teria salvo pelo menos 100 mil vidas.

Atualmente, a fome é um dos problemas mais graves do Brasil, atingindo 33 milhões de brasileiros. Outros 125 milhões não conseguem fazer três refeições por dia. Por isso, vários dos atos já marcados em várias cidades do Brasil também têm como tema principal o combate à fome.

O Grito dos Excluídos é uma iniciativa da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a data escolhida para as manifestações não foi por acaso. A ideia de fazer um contraponto ao “Grito do Ipiranga”.

Atos marcados neste dia 7 de setembro:

ACRE

Rio Branco: 7h, em frente à Catedral Nossa Senhora de Nazaré (Centro).

ALAGOAS

Maceió: 8h, Igreja Virgem dos Pobres

AMAPÁ

Macapá: 9h na Igreja São José

Laranjal do Jari: 8h30 na Igreja Perpétuo Socorro

BAHIA

Salvador: às 8h30, no Campo Grande (Concentração)
Senhor do Bonfim: Roda de Conversa, das 9 às 12h00, no Sindiferro – Senhor do Bonfim.
Campo Formoso: 19h30, via internet, com a participação dos movimentos sociais

CEARÁ

Fortaleza: 9h, ao lado do terminal do Lagoa, na Parangaba
Crato: 8h, concentração na Praça São Vicente, no Santuário Eucarístico
Juazeiro: 16h, celebração ecumênica na Praça Monsenhor Joveniano Barreto, em frente à Igreja dos Franciscanos.

ESPÍRITO SANTO

Vitória: 8h na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) – Campus Goiabeiras, e às 9h, na Praça Vaz Melo

GOIÁS

Goiânia: 9h, na Praça José Bonifácio

MATO GROSSO

Cuiabá: 7h30, na Praça do Rosário com caminhada à Praça do Ipiranga
Rondonópolis: 8h no Sindicato dos Bancários (Rua 13 de Maio, 1123)

MATO GROSSO DO SUL

Dourados: 7h, concentração na Rua Melvin Jones, com a Avenida Marcelino Pires

MARANHÃO

Bacabal: 8h Igreja São Raimundo Nonato
Caxias: 17h, caminhada reunindo as paróquias das 5 cidades que integram a Diocese de Caxias. Encerramento com missa, na Paróquia com a festa de N. S. de Nazaré.
Timon: 6h30, na Diocese Duque de Caxias

MINAS GERAIS

Belo Horizonte: 9h, na Praça Vaz Melo/Passarela da Lagoinha
Montes Claros: 8h30 Praça do Bairro Maracanã seguindo para a Cozinha Solidária do Bairro Itatiaia
São João Del Rei – Grito dos Excluídos. Manifestação às 08h30, no Coreto no centro da cidade.
Ouro Preto. 14hs, Praça Tiradentes – Ação em defesa da democracia – Bandeirão do Lula, Bandeirona do Brasil, filmagens com drone.
Viçosa. Grito dos Excluídos, 16hs, Bairro Amoras, mesa de partilha e diálogo com a população.
Montes Claros – Grito dos Excluídos, concentração às 08h30 na Praça do Bairro Maracanã, seguindo para a Cozinha Solidária do Bairro Itatiaia. Durante o ato na praça e marcha acontecerá a mística e apresentações artísticas/culturais. Será ofertado café e almoço solidário. Os participantes estão sendo chamados a doar um quilo de alimento.
Lavras: Grito dos Excluídos, concentração às 15hs no Gammon de baixo e vai até a praça do Gammon de cima.

PARÁ

Belém: 7h30, caminhada a partir da Praça Catedral
Prelazia do Alto -Tucumã: Concurso de Redação nas escolas municipais sobre o tema ” em primeiro lugar”
São Félix do Xingu: ato público com caminhada, concentração na praça do CEU.
Tucumã: 7h30 Praça Catedral com caminhada até a Praça Ronan Magalhães

PARAÍBA

Campina Grande: Praça Clementino Procópio, durante o dia

PARANÁ

Curitiba: na Vila União (Comunidade do Tatuquara)

PERNAMBUCO

Recife: 9h, no Parque 13 de Maio

PIAUÍ

Teresina: 8h, em frente à Assembleia Legislativa
Paranaíba: Além da IV Semana Social da Diocese de Parnaíba, promovida pelas Pastorais Sociais e Caritas Diocesana de Parnaíba, missa de abertura, às 18h30, no festejo da Padroeira Mãe da Divina Graça

RIO DE JANEIRO

Na capital fluminense, às 9h – concentração na Uruguaiana com Presidente Vargas
Nova Friburgo: 15h, Praça do Paissandu

RIO GRANDE DO NORTE

Mossoró: 7h, no Ginásio Pedro Ciarlini

Porto Alegre: 9h, em frente à Igreja São José do Murialdo (bairro Partenon)
Pelotas: 9h no Largo da Bola (CCS/Universidade Federal de Pelotas)

RONDÔNIA

Porto Velho: 16h, no Centro Político Administrativo

RORAIMA

Boa Vista: caminhada na periferia, à tarde; realização de oficinas de cartazes; Criação de um Rede Social específica para o Grito.

SANTA CATARINA

Joinville: 15h, Comunidade Santa Dulce dos Pobres/Paróquia Nossa Srª Belém

SÃO PAULO

Na capital paulista, o ato “Terra, teto, trabalho e democracia – Pão e viver bem!”, na Praça da Sé, às 9h, integra o calendário de mobilizações nacionais do Grito dos Excluídos 2022. Veja outros locais:

Alto Tietê – Diocese de Mogi das Cruzes, em Mogi das Cruzes: Concentração 8h30, na Catedral de Sant´Ana, com apresentação das pastorais sociais e movimentos populares. Missa às 09h, com o bispo D. Pedro Luís Stringhini, caminhada até o Largo do Rosário onde haverá manifestações populares das lideranças por Direitos, dos Povos e Democracia.
Americana: Celebração ecumênica e ato em bairro da periferia.
Aparecida: 6h, na Praça Nossa Senhora Aparecida, em frente à Basílica história (velha).
Santos – Grito na Baixada na Zona Noroeste, concentração no sambódromo.
Itupeva, 10h, celebração do Grito na Igreja Santo Antônio.
Jundiaí : 10h, na Igreja Santo Antônio
Mogi das Cruzes: 8h30, concentração na Catedral de Sant’Ana; 9h – missa com Dom Luis Stringhini, após caminhada até o Largo Rosario.
Santo André, 9h30, missa na Igreja Matriz de Santo André seguida por uma caminhada até a Praça do Carmo, onde será realizado o Grito, com ato político e celebração inter-religiosa, com participação de indígenas, movimentos de matriz africana e representantes evangélicos, representantes de movimentos de moradia, povo de rua, refugiados, afrodescendentes, carroceiros e outros.
São José dos Campos: Praça Afonso Pena.
Piracicaba: Praça central da cidade.

Aracaju: 8h, celebração litúrgica e caminhada com concentração na Polícia Rodoviária Federal (lembrando do caso Genivaldo) e terminando na praça em frente à Paróquia São Francisco de Assis, bairro Santos Dumont

TOCANTINS

Araguaína: 7h30, Praça Luís Orione

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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