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4 curtas para ampliar a noção de mundo das crianças

4 CURTAS PARA AMPLIAR A NOÇÃO DE MUNDO DAS CRIANÇAS

4 curtas para ampliar a noção de mundo das crianças

Acreditamos no potencial das narrativas de ficção para ampliar a noção de mundo das crianças, favorecendo o respeito pela diversidade cultural e étnica

Por Redação Lunetas

No Brasil, existem cerca de 300 etnias indígenas, o que significa que há mais de 270 línguas indígenas diferentes no território brasileiro.

Apresentar toda essa cultura ancestral para as crianças – tanto na escola quanto em casa – é valorizar uma parte primordial da História de nosso país, e comunicar aos pequenos a importância de lutar pela preservação dessa diversidade.

Pensando em incentivar essa relação por meio da arte, o nosso parceiro Toda Criança Pode Aprender fez uma seleção de curtas-metragens que trazem histórias indígenas especialmente para o público infantil. São quatro produções que dialogam com povos indígenas não só do Brasil, mas de diferentes lugares do continente americano, contadas do ponto de vista das próprias crianças indígenas.

Dentre as produções, está o premiado “Caminho dos gigantes” (“Way of giants”), dirigido por Alois Di Leo em 2016, e que conta a história de Oquirá, uma menina indígena de seis anos que desafia o seu destino e tenta entender o ciclo da vida.

Acreditamos no potencial das narrativas de ficção para ampliar a noção de mundo das crianças, favorecendo o respeito e a empatia.

Fonte: Lunetas

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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