Procura
Fechar esta caixa de pesquisa.

MARY ALLEGRETTI: UMA COMPANHEIRA IMPRESCINDÍVEL

Mary Allegretti: uma companheira imprescindível

”A Mary começa a articular  com algumas entidades, me chama,  eu vou a em maio de 85,  e se começa a articular então o  Encontro Nacional dos em Brasília.”  

“Foi a Mary Allegretti quem, em 1985,  durante o governo Sarney,  organizou uma reunião de seringueiros em Brasília.” Mauro Almeida 

Por Júlio Barbosa de Aquino

MARY ALLEGRETTI: UMA COMPANHEIRA IMPRESCINDÍVEL
IEA

Nós sabemos que Mary Helena Allegretti é antropóloga, doutora em desenvolvimento sustentável, pesquisadora acadêmica, especialista em políticas públicas na área socioambiental, uma cientista social famosa e respeitada em questões de e proteção da Amazônia no e no mundo inteiro. 

Mas, pra nós, desde que chegou aqui pelo Acre pra fazer sua dissertação de Mestrado em Antropologia, que ela terminou em 1978, a Mary é, acima de tudo, essa nossa companheira imprescindível que sempre esteve e continua conosco desde muito cedo nessa nossa trajetória de luta na

Na verdade, nesses nossos 38 anos de CNS, e mesmo antes do CNS, tudo por aqui tem o dedo da Mary. Foi ela quem, junto com Chico Mendes e com o pessoal do STTR de Xapuri, fundou, em 1981, o Seringueiro, nossa primeira experiência em alfabetização de adultos na floresta. 

E, falando do CNS, foi a Mary quem organizou aqui em Brasília o nosso I Encontro Nacional dos Seringueiros, em outubro de 1985. Até hoje não sei como, mas ela conseguiu trazer seringueiros do Acre, do Amazonas e de Rondônia.

Foi nesse encontro que criamos o CNS. Foi também naquele encontro que o Chico Mendes lançou a proposta de Reserva Extrativista, construída por nós, mas que a Mary ajudou a pensar, articular e viabilizar.

Depois, em 1986, fundou o Instituto de Estudos Amazônicos (IEA), para fortalecer as Reservas Extrativistas. Foi Secretária de Coordenação da Amazônia no Ministério do (19992003), quando ajudou a fundar o PPG7, Secretária de e Meio Ambiente do Estado do Amapá (19951996), professora visitante de muitas universidades norte-americanas e consultora do PNUD, do GEF, do BID e de vários outros órgãos da Cooperação Internacional. 

Mas, com toda essa de sucesso, não teve um só momento ao longo dessa nossa caminhada em que Mary não estivesse junto conosco, fortalecendo a nossa luta. Nós te agradecemos por tudo, Mary!  

JULIO BAROSA 2 1 1280x720 1Júlio Barbosa de Aquino Líder Extrativista. Parceiro de Chico Mendes nos Empates. Presidente do CNS. Foto de capa: Arquivo Pessoal/ Mary Allegreti.

 

 

Deixe seu comentário

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

PARCERIAS

CONTATO

logo xapuri

posts relacionados

REVISTA