MOSQUIRIX: VACINA CONTRA A MALÁRIA!

Mosquirix: Vacina contra a malária!

Mosquirix: Vacina contra a malária!

A Organização Mundial da acaba de aprovar (no dia 6 de outubro) a vacina contra a malária. A Mosquirix, um imunizante à base de proteína…

Por Antônio Carlos Queiroz

O fato é histórico, pelo fato de a malária ser uma doença que atinge principalmente as populações pobres do .

Mais de 500 mil pessoas todo ano, 260 mil das quais de menos cinco anos na África Subsaariana.

A vacina, desenvolvida pela GlaxoSmithKline, imuniza crianças conta o parasita Plasmodium falciparum, o mais letal dos cinco patógenos que predominam na África.

Nos testes clínicos, a vacina se mostrou eficaz em 50% dos casos severos da doença, caindo para zero no quarto ano, determinando, portanto, a necessidade de doses de reforço.


Palavras escritas sobre o mal da malária

O que sentimos quando começamos a ficar doentes da malária?

Nós ficamos com febre alta.

Nós temos sensação de frio.

Nós temos tremores.

Nós sentimos dor na região lombar.

Nós sentimos dor nas pernas.

Nós sentimos dores musculares por todo o .

Nós sentimos fraqueza.

Nós sentimos dor abdominal.

Nós sentimos enjoo.

Nós temos vontade de vomitar.

Nós temos o baço aumentado.

Nossa face fica pálida porque ficamos quase sem sangue.

DE QUE MAL AS PESSOAS ADOECEM QUANDO ESTÃO COM MALÁRIA?

Depois que os brancos invadiram a , a malária se propagou por toda parte. No sague desses brancos há pequenos ovos de malária. Os médicos conhecem esses pequenos ovos de malária, assim, os chamam de plasmodium. Quando os mosquitos da floresta sugam o sangue dos brancos, eles vão picar os . É assim que os pequenos ovos da malária penetram por sua vez no sangue dos Yanomami. Existem dois tipos de malária:

FALCIPARUM, cujo poder é muito perigoso e faz os Yanomami realmente morrerem.

VIVAX, cujo poder é menos perigoso e faz os Yanomami terem crises repetidas de malária.

QUANDO ESTAMOS COM MALÁRIA, O QUE FAZER?

Quando reconhecemos no microscópio os ovos da malária, nós tomamos logo os comprimidos contra a malária. Somente tomando o direito é que vamos nos curar. Se todos os ovos da malária não morreram e nós paramos de tomar o remédio, a doença não vai acabar, ela volta rapidamente a nos atacar. Quando não havia brancos, os nossos antepassados curavam-se da malária com cascas da floresta. Esses remédios contra malária que usavam os nossos antepassados, continuamos também a usar para nos curar, ainda os guardamos em nosso pensamento.

O QUE DEVEMOS FAZER PARA NÃO PEGAR MALÁRIA?

Quando as pessoas ficam com malária sem parar, nós borrifamos nossas malocas para que os mosquitos morram e que, assim, eles não nos inoculem ovos de malária. Lá onde tem garimpeiro existe muita malária perigosa, por isso nós queremos que sejam mandados de volta para onde moram os outros brancos. Quando vamos até lá onde os garimpeiros estão trabalhando, nós ficamos contaminados facilmente. Por isso, quando somos espertos, nós não vamos lá. Até às malocas dos outros que estão com malária, nós também não vamos para não sermos contaminados.

Fonte: Palavras escritas para nos curar. dos Watoriki  theri pe. MEC/SEF/CCPY, 1993.


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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