Desmatamento do Cerrado aumenta quase 70% em Goiás

do em aumenta quase 70%; veja com mais alertas de destruição

Pesquisa revela dados de fevereiro de 2023 comparado com mesmo período do ano passado. Dados do Sistema de Alerta de Desmatamento do Cerrado (SAD Cerrado) mostram que Goiás é o terceiro do país com maior índice de desmatamento do bioma durante o mês de fevereiro.

Por Gabriella Pinheiro/Portal6

Dados do Sistema de Alerta de Desmatamento do Cerrado (SAD Cerrado) mostram que Goiás é o terceiro estado do país com maior índice de desmatamento do bioma durante o mês de fevereiro.

Ao todo, conforme o relatório, 10.849 hectares de vegetação nativa foram desmatados no estado somente no mês de fevereiro.

Ao estratificar o dado, levantamento mostra quais cidades mais contribuíram negativamente para esse cenário – contando com o maior número de alertas de desmatamento durante o período.

São eles: Niquelândia com 145 notificações. Logo atrás seguem Ipameri e Crixás com 80 e 55, respectivamente.

Também constam na pesquisa as cidades de Caiapônia (54), Minaçu (47), Sítio d’Abadia (44), Luziânia (43) , (39) , Água Fria de Goiás (39) e Campinaçu (35).

Os números foram divulgados na quarta-feira (15) por meio do site do Instituto de Pesquisa Ambiental da (IPAM).

Em comparação com o mesmo período do ano passado, quando foram desmatados 6.421 hectares, o número chega a representar um aumento de 69%.

Na frente de Goiás, aparecem (BA), com 22.187 hectares desmatados, e (MG) –  responsável pela destruição de 10.007 hectares do bioma.

Autora: Gabriella Pinheiro. Disponível em: Portal6  Fotos aéreas da queimada do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, ocorrida no final de 2021. (Valter Campanato/Agência ).


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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