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Justiça é acionada para impedir violência contra pessoas em situação de rua

Boulos e Padre Júlio acionam Justiça para impedir violência contra pessoas em situação de rua em SP

Decisão judicial autorizou a prefeitura retome a remoção das barracas da população em situação de rua.

Por Mídia Ninja

O deputado federal pelo PSOL-SP, Guilherme Boulos, e o padre Júlio Lancellotti entraram com um recurso judicial para impedir que a prefeitura de São Paulo retire as barracas da população em situação de rua. A medida foi tomada em resposta à decisão judicial que autorizou a prefeitura a retomar a remoção das barracas, após Boulos e padre Júlio terem obtido, em fevereiro, uma determinação que impedia a remoção das pessoas e seus pertences.

Boulos enfatizou que essa medida é “perversa”, especialmente no outono, quando as temperaturas caem. “A solução para o problema da população em situação de rua requer uma série de iniciativas sérias, e não medidas paliativas que varrem o problema para debaixo do tapete, às custas daqueles que têm sua dignidade desrespeitada pelo poder público”, declarou.

Já o padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo, fez um apelo para que a prefeitura pare de retirar as barracas das ruas durante a Semana Santa.

A solicitação foi enviada por mensagem ao prefeito Ricardo Nunes, na segunda-feira. Nunes, por outro lado, disse que “rua não é endereço e barraca não é lar” e defendeu que a administração tem realizado importantes avanços no que diz respeito ao acolhimento e reintegração social.

Segundo o religioso, a remoção tem sido feita de maneira “truculenta, indiscriminada e violenta”. O padre também ressaltou que as pessoas não sabem para onde os materiais são levados, incluindo a apreensão de alimentos e medicamentos, o que é proibido por um decreto de 2020 da própria prefeitura.

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Guilherme Boulos e padre Júlio Lancellotti (Foto: Leandro Paiva/Facebook Guilherme Boulos)

*Com informações do Uol

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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