Países com grandes porções de florestas se unem em bloco de negociação internacional

Países com grandes porções de se unem em bloco de negociação internacional

Anunciado na Conferência do de 2022, “Bloco de florestas” foi formalizado nesta quarta-feira (9) no . Doze países fazem parte.

Por Cristiane Prizibisczki/ O Eco

Belém – Presidentes e chefes de delegação de países com grandes porções de floresta tropical preservada oficializaram nesta quarta-feira (9) a formação de um bloco para tomada de decisões unificadas em fóruns de negociação internacional, principalmente as Conferências do Clima da ONU.

Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Indonésia, Peru, República Democrática do Congo, República do Congo, São Vicente e Granadinas, Suriname e Venezuela participam do bloco, cuja formação vem sendo negociada desde a COP 27, realizada no Egito no ano passado.

No comunicado publicado conjuntamente, os países signatários reiteram seu “compromisso com a preservação das florestas, a redução do , a da e a busca por uma transição ecológica justa”.

Em um recado direto à União Europeia, o documento também condena as barreiras comerciais impostas por países ricos sob justificativas ambientais. 

“Condenamos a adoção de medidas para combater as mudanças climáticas e proteger o , incluindo as medidas unilaterais, que constituam um meio de discriminação arbitrária ou injustificável ou uma restrição disfarçada ao comércio internacional”, diz trecho do comunicado. 

Presidentes e chefes de delegação de países com grandes porções de floresta tropical preservada oficializaram nesta quarta-feira (9) a formação de um bloco para tomada de decisões unificadas em fóruns de negociação internacional, principalmente as Conferências do Clima da ONU.

Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Indonésia, Peru, República Democrática do Congo, República do Congo, São Vicente e Granadinas, Suriname e Venezuela participam do bloco, cuja formação vem sendo negociada desde a COP 27, realizada no Egito no ano passado.

No comunicado publicado conjuntamente, os países signatários reiteram seu “compromisso com a preservação das florestas, a redução do desmatamento, a conservação da biodiversidade e a busca por uma transição ecológica justa”.

Em um recado direto à União Europeia, o documento também condena as barreiras comerciais impostas por países ricos sob justificativas ambientais. 

“Condenamos a adoção de medidas para combater as mudanças climáticas e proteger o meio ambiente, incluindo as medidas unilaterais, que constituam um meio de discriminação arbitrária ou injustificável ou uma restrição disfarçada ao comércio internacional”, diz trecho do comunicado. 

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Presidente Lula com o sultão Al Jaber, presidente da COP 28, que ocorrerá na Arábia Saudita. Foto: Ricardo Stuckert/PR

Give me my money 

O ponto forte do documento – e do posicionamento dos presidentes – no entanto, é a cobrança aos países desenvolvidos para que cumpram as promessas feitas no âmbito internacional para financiamento da ação climática em países em .

O documento cita os U$ 100 bilhões por ano em novos recursos para financiamento climático e o investimento de 0,7% do rendimento nacional bruto, prometidos pelos países ricos em diferentes fóruns internacionais. Também fala do comprometimento feito por essas nações para a mobilização de US$ 200 bilhões por ano, até 2030, previstos pelo Marco Global para Biodiversidade de Kunming-Montreal.

“O que fizemos foi dizer ao que não aceitaremos mais ficar criando teses que não sejam colocadas em prática. Nós vamos para a COP-28 com o objetivo de dizer ao mundo que, se quiserem preservar efetivamente o que existe de floresta, é preciso colocar dinheiro”, disse Lula em coletiva de imprensa no início da tarde desta quarta-feira.

“Se o desenvolvimento industrial, ao longo de 200 anos, poluiu, está precisando que eles paguem sua parte agora, para a gente recompor parte do que foi extraído. É a que está precisando de dinheiro, é a natureza que está precisando de financiamento”, declarou o presidente brasileiro.

A expectativa é que o “Bloco de Florestas” já chegue com força na Conferência do Clima da ONU desta ano, a ser realizada no final do ano nos Emirados Árabes. O bloco não precisa ser referendado pela ONU e já pode atuar nas negociações internacionais.

Cristiane Prizibisczki Jornalista. Fonte: O Eco. Foto: Ricardo Stuckert/PR.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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