Reforma Tributária: Congresso mostra a força da democracia

Reforma Tributária: Congresso mostra a força da democracia,

Presidente Lula participa de sessão solene no Plenário da Câmara dos Deputados. Novas regras devem ser regulamentadas em 2024.

Por Marciele Brum/Portal Vermelho

Em uma sessão repleta de simbolismos, os três poderes se uniram ontem para dar mais um passo estratégico rumo à simplificação do sistema tributário brasileiro. Com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da e do Supremo Tribunal Federal (STF), o enfim promulgou a reforma tributária após 40 anos de . Agora, o esforço coletivo será para regulamentar a emenda constitucional 132/2023 no próximo ano.

“O que mais me deixa feliz é esta aqui. Guardem. Não precisam gostar do governo, gostar do Lula, guardem esta foto e se lembrem de que, contra ou a favor, vocês contribuíram para que este país, pela primeira vez, no regime democrático, aprovasse uma reforma tributária a contento da nação brasileira”, afirmou Lula.

Para que a legislação entre plenamente em vigor, haverá um período de preparação e de ajustes das regras em 2024 e 2025. No primeiro semestre do ano que vem, o Executivo deve enviar um pacote de projetos de leis ordinárias e complementares para regulamentar a emenda constitucional aprovada em 15 de dezembro de 2023. Em 2026, haverá o início da cobrança de alíquotas parciais. Já em 2027 começam a valer de fato as mudanças.

“Foi um esforço de todo , do próprio Poder Executivo, do próprio Poder Judiciário, mas sobretudo uma construção do Poder Legislativo brasileiro, uma obra de engenharia política, e a reforma tributária saiu. Agora é trabalharmos a partir do ano que vem, na regulamentação da reforma tributária, para que o possa colher os frutos da simplificação e da modernização do seu sistema tributário”, relatou o deputado Renildo Calheiros (PCdoB-PE), vice-líder do governo na Câmara.

Durante a promulgação, o presidente da República destacou que a reforma “não resolverá todos os problemas”, mas que é uma demonstração do compromisso dos parlamentares com o brasileiro.

“Eu tenho certeza de que nós temos que agradecer a Deus, porque somente o Todo-Poderoso é capaz de fazer com que um Congresso tão adverso como este vote, pela primeira vez, uma política tributária para começar a resolver o problema do povo pobre deste país”, disse Lula, que havia apresentado proposta semelhante no início de seu primeiro mandato em 2003.

À frente da Bancada do PCdoB na Câmara, a Jandira Feghali celebrou a promulgação da emenda constitucional.

“É um passo significativo em direção a uma reforma tributária tão necessária. A sessão solene contou com a presença do presidente Lula, que tem trabalhado muito pela simplificação do sistema tributário brasileiro. Essa conquista é fruto de um esforço conjunto de parlamentares e do governo federal, e representa um avanço que há muito era aguardado!”

Reforma demonstra força da democracia

Na história recente, reformas tributárias amplas, como a aprovada no Brasil, sempre estiveram associadas a contextos autoritários ou revolucionários, lembrou o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG). No Brasil, o sistema nacional foi positivado, pela primeira vez, em 1965. O Código Tributário data de 1966. Não por acaso, ambos foram criados durante um regime que restringia a atividade parlamentar.

“A aprovação da reforma tributária representa, neste instante, a força da democracia brasileira. Impossível deixar de mencionar o esforço do governo federal pela aprovação dessa que é a maior reforma aprovada pelo Congresso Nacional. É verdadeiramente digno de nota que no primeiro mandato de um governo tenhamos chegado a um resultado tão satisfatório”, avaliou Pacheco.

Para o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), a reforma é dos brasileiros que precisam de mais empregos, renda e menos impostos em suas vidas.

“Presidente Lula, o que o Congresso Nacional, representado pelos deputados e senadores eleitos democraticamente pelo povo, está entregando hoje ao país é a senha, é o tíquete para o , para o crescimento econômico, para a geração de empregos e para a melhoria da renda do trabalhador e do povo brasileiro”, garantiu Lira.

Deputados do PCdoB também enfatizaram a importância da reforma tributária para o Brasil.

“Ela pode abrir caminhos para o desenvolvimento nacional, para a garantia de mais empregos, para a diminuição e simplificação da quantidade de impostos no Brasil. Foi um trabalho coletivo a muitas mãos e o parlamento teve um papel determinante. Parabéns ao governo do presidente Lula, parabéns àqueles que acreditaram e votaram. Esta é uma decisão que fecha o ciclo desta aliança democrática para governar o Brasil com democracia”, disse a deputada Portugal (PCdoB-BA).

O deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) falou que a luta foi para avançar o máximo possível:

“Tudo só foi possível porque o presidente Lula emprestou sua confiança, sua credibilidade, atuou para que essa reforma avançasse, houve uma grande pactuação institucional. Então, eu saúdo, antes de tudo, a democracia, pois nesse ambiente democrático foi possível fazer essa reforma tributária e foi a participação de toda a população acompanhando esse debate que impulsionou o Congresso Nacional para essa decisão”

Fonte: Portal Vermelho Capa: Richard Silva/PCdoB na Câmara


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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