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Ciganos: cultura e origem - Optchá!

CIGANOS: CULTURA E ORIGEM – OPTCHÁ!

Uma das grandes questões é saber qual o lugar de origem dos ciganos. Atualmente, considera-se que a Índia, especialmente a região do Punjab, seja a natal mais provável. Dali teriam passado ao Egito, e dali para o continente europeu.

O primeiro documento que atesta a presença dos ciganos na Espanha é de 1423, quando os mesmos pedem permissão para cruzar o território a fim de peregrinar a Santiago de Compostela.

Ciganos
Os ciganos se fixaram pela Europa, especialmente nos Balcãs

Onde vivem os ciganos?

Os países onde vivem o maior número de ciganos são os Estados Unidos (1.000.000), Brasil (800.000) e Espanha (710.000).

No entanto, são em países como Sérvia, Bulgária, Eslovênia e Romênia é que se verifica a maior proporção de ciganos na população.

Povo cigano no Brasil

Os ciganos chegaram ao Brasil com os navegantes portugueses. As autoridades de Portugal viam nos seus territórios ultramarinos uma oportunidade de se livrar desses indivíduos que eram considerados “indesejados”.

Os ciganos estabeleceram-se em praticamente todo o território nacional, especialmente na Bahia.

Atualmente, existem três grandes grupos ciganos no País. O primeiro, oriundos de Portugal e Espanha, que mantém o dialeto caló. O segundo, o Rom, que utiliza o romani, e são oriundos especialmente do Leste Europeu. Finalmente, os Sintis, da Alemanha e da França, após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

Segundo os dados do IBGE, em 2010 havia cerca de 800 mil ciganos no Brasil. A maioria já não vive como nômades e estão fixos numa região.

Cultura cigana

Cultura cigana
Ciganas dançando em honra a Santa Sara, no Rio de Janeiro

Por serem nômades, os ciganos foram incorporando hábitos e costumes das regiões onde estavam. No entanto é possível identificar traços comuns que compõem a cigana.

Os ciganos acabaram exercendo ofícios que podiam ser desempenhados em todos os lugares. Por isso, os homens eram ferreiros, comerciantes, cuidadores de cavalo e gado.

Dentro dos clãs ciganos, as estão mais restritas à esfera doméstica, porém realizavam trabalhos como costureiras, rendeiras e artistas. Também se dedicavam a das mãos e de baralho para predizer o futuro.

Os valores como a fidelidade à família e ao clã, e os casamentos entre si são outras características marcantes que podemos observar em todos os ciganos.

Romani – língua cigana

Os ciganos desenvolveram o idioma romani, também chamado romanês.

Trata-se de uma ágrafa (não escrita) e ensinada de forma oral, pelas famílias ciganas. Há etnias que o falam com desenvoltura, mas outros, apenas conhecem algumas palavras.

Igualmente, é proibido aos não ciganos aprenderem esta linguagem. No entanto, com a globalização e a internet, essa barreira começa a se romper.

Religião cigana

É importante frisar que os ciganos não tem uma religião no sentido estrito do termo. Eles possuem um conjunto de crenças e princípios, mas não existe a figura de um deus (ou de deuses) em concreto, nem hierarquia religiosa.

Os ciganos adotavam a religião do território por onde circulavam. Desta maneira encontramos ciganos católicos, ortodoxos, evangélicos, espíritas e muçulmanos.

Entre os católicos ciganos é grande a devoção em torno a Santa Sara de Kali, que teria sido amparada por ciganos, no sul da França.

Na religião umbanda existem as “entidades ciganas” que seriam os espíritos de ciganos já falecidos.

Dança cigana

A dança cigana é resultado da mescla de vários elementos, mas foi na Espanha que ela ganha força.

Os ciganos dançavam nos seus acampamentos, nas festas, acompanhados de instrumentos musicais, canto e palmas. Tanto as mulheres quanto os homens dançavam no meio da roda.

Desta maneira, a dança cigana é sensual, forte e bastante expressiva, pois todo o participa dos movimentos. Entre as mulheres há o costume de dançarem descalças, com longas saias e ricamente enfeitadas com joias.

Dentre todos os elementos da cultura cigana, o flamenco é a que tem maior expressão em nível mundial.

Preconceito contra os ciganos

Os ciganos sempre foram alvo de preconceito na Europa e este comportamento passou para as Américas.

Um dos motivos pelos quais sempre foram mal vistos era o seu estilo de vida. Eram nômades, numa sociedade sedentária; não possuíam leis escritas, numa época em que todos as tinham. Igualmente, apesar de aceitarem o cristianismo, praticavam certas práticas condenadas pela Igreja como a adivinhação do futuro.

Assim surgiram todo o tipo de histórias sobre este povo classificando-os de trapaceiros e ladrões, como se estas atitudes fossem exclusivas dos ciganos.

Esteriótipos ciganos

Da mesma forma que existem esteriótipos para nordestinos, negros, judeus, gordos e qualquer pessoa que não se encaixe em determinado padrão, há uma infinidade de ideias preconcebidas contra os ciganos.

Uma das mais comuns é que os ciganos roubavam e há numerosas de bebês que sumiram depois da passagem de um grupo cigano numa cidade. Temos que considerar, porém, que todo povo marginalizado era acusado deste crime.

Outra acusação muito comum era que os ciganos roubavam e mentiam. Isto é verdade quando um cigano se relaciona com um não-cigano. No entanto, entre eles, há códigos de honra severos que impedem a desonestidade entre eles.

Vemos que essas atitudes eram usadas a fim de se protegerem contra os ataques externos e não uma características que nasceu com este povo.

Perseguição aos ciganos

Os ciganos foram perseguidos durante a formação das Monarquias Nacionais na Europa, pois todo aquele que não era católico, foi expulso. Essa medida atingiu igualmente judeus e muçulmanos.

Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1845), os ciganos foram perseguidos e confinados em campos de concentração nazistas. Calcula-se que 250 mil ciganos tenham sido mortos neste período, especialmente na Croácia, onde a população quase foi exterminada.

Fonte: Toda Matéria

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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