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Ilê Aiyê celebra valorização da beleza negra em 43ª edição

Ilê Aiyê celebra valorização da beleza negra em 43ª edição

15 candidatas disputam título que empodera a estética negra.

Por Redação/Poderes Pretos

A 43ª Noite da Beleza Negra do Ilê Aiyê, uma das festas mais aguardadas do Verão de Salvador, abriu a venda de ingressos para o público, marcando a busca pela eleição da Deusa do Ébano que representará o bloco ao longo do ano. O evento, programado para o sábado, 13 de janeiro, na Senzala do Barro Preto, no Curuzu, incluirá não apenas a eleição da Rainha do Ilê Aiyê 2024, mas também uma celebração envolvendo , dança, arte e , destacando os valores e conquistas das gerações que moldaram o Ilê Aiyê. O espetáculo de música preta brasileira vai emocionar aqueles com forte conexão com o bloco.

O concurso, pioneiro como evento negro de abertura para o de Salvador, surgiu como resposta ao presente na cena cultural da cidade nos anos 1970, quando os blocos carnavalescos, com suas rainhas, eram predominantemente compostos por pessoas brancas. Proposto por Sergio Roberto dos Santos, cofundador do Ilê Aiyê e militante do movimento negro, o evento é uma de afirmação, destacando a beleza, identidade, conhecimento e das . Além de ocupar uma posição de destaque na luta por igualdade racial e ser ícone do empoderamento da mulher negra e da sua atuação transformadora na sociedade, a Deusa do Ébano é uma exaltação à estética negra, sendo o concurso uma das ações afirmativas mais importantes do Ilê Aiyê. A Rainha eleita assumirá o cargo no ano em que o bloco afro mais antigo do inicia as comemorações pelos seus 50 anos, com o tema: “Vovô e Popó – com as bênçãos de Mãe Hilda Jitolu”.

A competição conta com mulheres de 11 baianas diferentes, além de outros estados, como Santa Catarina, , Alagoas e Pernambuco. O evento é reconhecido como uma política de afirmação, destacando a beleza, identidade, conhecimento e história das mulheres negras.

Fonte: Mídia Ninja. Foto: André Frutuoso / Divulgação.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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