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34 bairros de Joinville (SC) ficam sem água após caminhão bater e derramar ácido em rio

34 bairros de Joinville (SC) ficam sem água após caminhão bater e derramar ácido em rio

Acidente com caminhão que levava matéria-prima de detergentes paralisa estação de tratamento que abastece 75% da cidade; prefeitura decreta estado de emergência.

Por Gabriel Tussini/O Eco

Um derramamento de ácido sulfônico, produto utilizado na produção de detergentes, no rio Seco, em Joinville (SC), causou a interrupção do abastecimento de água em grande parte da cidade na manhã desta segunda (29). Um caminhão que carregava galões do produto perdeu o freio e se chocou com um barranco à beira da rodovia SC-418, próximo ao Mirante da Serra Dona Francisca, liberando a carga no rio. O motorista está estável, em observação e sem previsão de alta. A prefeitura da cidade decretou estado de emergência e interrompeu o funcionamento da Estação de Tratamento de Água (ETA) do rio Cubatão, que abastece 34 bairros da cidade, equivalente a cerca de 75% do consumo.

Imagens gravadas no rio Seco, afluente do Cubatão, mostram a grande quantidade de espuma que se formou com o produto, criando uma camada espessa a ponto de não se ver a água. A área está dentro da Área de (APA) Serra Dona Francisca. A interrupção do funcionamento da ETA se deu às 10h, antes da espuma chegar ao rio Cubatão, evitando o fornecimento de água contaminada. “O fechamento foi justamente para que a substância não entrasse no nosso sistema de tratamento, garantindo assim que toda a água já tratada possa ser consumida normalmente”, frisou Adriano Silva (NOVO), prefeito da cidade.

Um gabinete de crise foi formado na Companhia Águas de Joinville, empresa pública municipal de água e , para responder à emergência. O grupo, que conta com participação do prefeito, da vice Rejane Gambin (NOVO) e do major Ruy Florêncio Teixeira Júnior, comandante da Polícia Militar Ambiental do estado, decidiu pelo abastecimento de água em hospitais e postos de saúde com caminhões-pipa. A Águas de Joinville conduz análises laboratoriais para medir as condições de consumo da água do rio Cubatão.
De acordo com o major Teixeira Júnior, citado pela Agência , até o momento não foram detectados danos à fauna e à flora locais. Ele diz ainda que uma empresa terceirizada foi contratada para realizar a limpeza do local. “Como qualquer produto químico ele tem algum grau de toxidade, mas a Polícia Militar Ambiental não identificou até o momento alguma mortandade de peixes ou animais relacionados ao vazamento”, afirmou.

Apesar disso, o produto pode ser perigoso para seres humanos e organismos aquáticos. “Ele é corrosivo para os metais, ele tem toxicidade aguda oral, toxicidade aguda térmica, ele causa corrosão ou irritação à pele, causa lesões oculares graves ou irritação ocular e tem toxicidade aguda se for inalado”, explicou a engenheira química Millena da Silva Montagnoli, professora da Univille, em entrevista ao portal ND+.

Segundo as últimas atualizações da prefeitura, não há previsão para normalização no abastecimento, “por isso nós montamos um esquema com caminhões-pipa preparados para os atendimentos emergenciais, assim como também estamos dando prioridade no atendimento aos hospitais, às UPAs e às unidades básicas. A gente orienta a população de Joinville a fazer o racionamento de água”, afirmou o prefeito, citado pelo portal local SCC10. Os outros 25% da água consumida na cidade vem do rio Piraí, que segue com sua estação de tratamento funcionando normalmente.

Gabriel TussiniEstudante de Jornalismo (UFRJ). Fonte: O Eco. Foto de capa: Rede JOTA FM.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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