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JUROS DEVEM SEGUIR BAIXANDO COM AJUDA DA PRESSÃO DOS TRABALHADORES

JUROS DEVEM SEGUIR BAIXANDO COM AJUDA DA PRESSÃO DOS TRABALHADORES 

Ao longo de 2023, os organizados, incluindo o movimento sindical bancário, realizaram uma série de protestos nas ruas e para pressionar o Comitê de Monetária (Copom), do Banco Central (BC), a reduzir a taxa básica de juros brasileira (Selic). O ciclo de cortes começou em agosto do ano passado e fez com que o índice caísse de 13,75% para 11,75% ao final do ano passado.

Por Redação/FETEC -CUT

“Ainda assim, o Brasil termina 2023 e inicia 2024 com o sexto maior juro nominal e a segunda maior taxa de juro real do , atrás apenas do México, o que significa que tomar empréstimo para investir na economia real, gerar empregos, é ainda muito caro no país”, explica a economista da subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) na Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Vivian Machado. “Juro nominal é a taxa básica de juros da economia, que no Brasil é chamada de Selic, e a taxa de juro real é a Selic descontada a inflação”, complementa.

No boletim publicado logo após a última reunião de 2023, o Copom indicou que o ciclo de redução da Selic deverá prosseguir em 2024, com a previsão de que o índice finalmente alcance um dígito, ou seja, fique abaixo de 10%. E, no primeiro boletim Focus divulgado no ano, a entidade confirmou essa tendência, com a Selic em 9,25% ou 9% em dezembro de 2024.

“É um absurdo o Copom reduzir a Selic a conta-gotas. Não há cenário de risco de inflação que justifique a taxa no patamar atual. Já deveríamos estar com a Selic abaixo dos 10%”, destacou a presidenta da Contraf-CUT e vice-presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Juvandia Moreira, sobre a postura da autoridade monetária, que desde agosto tem reduzido a Selic em apenas 0,5 ponto porcentual (p.p.), nos encontros, que ocorrem a cada 45 dias.

“Mesmo com as reduções desde agosto, o Brasil continua apresentando uma das maiores taxas de juros reais do mundo, por conta desse processo lento de redução, que boicota a economia e a qualidade de de todos nós, dificulta a criação de empregos e aumenta o endividamento das famílias e do ”, explica Juvandia Moreira.

“Ao longo de todo 2023, a classe trabalhadora marcou sua posição contra os juros altos, com forte mobilização e luta intensa nas principais , de Norte a Sul do país, organizados pela CUT e outras centrais sindicais, pelo Comando Nacional dos Bancários e pela Contraf-CUT”, destaca ainda o secretário de Assuntos Socioeconômicos da Contraf-CUT, Walcir Previtale. “E é fundamental que essa queda persista e se acelere, para dinamizar a economia e tirar o Brasil das primeiras colocações do ranking global de juros, que só favorece o acúmulo de riquezas por um grupo pequeno, em prejuízo de toda a população”, completa.

 UM ANO DE LUTA

Em 2023, ao todo, foram oito atos nacionais, sempre realizados durante as reuniões do Copom, em frente aos 10 prédios do BC em capitais e em locais de grande circulação de outras grandes cidades do país, em que o movimento sindical denunciava como juros tão altos, puxados pela Selic a 13,75% ao ano, eram danosos à economia brasileira.

movimento nas ruas começou em 14 de fevereiro, durante a primeira reunião do ano do Copom. Os trabalhadores pediam “Fora Campos Neto!” e argumentavam que o BC estava sabotando o país, pois as altas taxas impediam a geração de emprego e . A hashtag #JurosBaixosJa também começou a ser usada em ações em redes sociais.

A Selic foi mantida, e o Brasil continuou com os mais altos juros reais do mundo. Então, na reunião seguinte do Copom, em 21 e 22 de março, novos protestos dos trabalhadores, ainda mais fortes e com transmissão ao vivo pela CUT. Após o anúncio de que a taxa não reduziria, a Contraf-CUT publica um repúdio formal à decisão do BC.

O sobre a importância da redução dos juros crescia na sociedade. No final de abril, o setor produtivo passava a engrossar o coro pelos juros baixos, e, no começo de maio, o Datafolha publicava pesquisa de opinião que mostrava que 80% da população aprovava a pressão pela queda das taxas. O BC, porém, mantém a Selic inalterada.

Para protestar durante o encontro seguinte do Copom, em junho, Contraf-CUT, CUT, demais centrais e movimentos populares organizaram uma jornada contra os juros altos, que durou dias. No dia 20, os trabalhadores realizaram novo protesto de dimensão nacional. Com a Selic ainda em 13,75%, no fim de julho, novos protestos são comandados pelos Comitês de Luta.

No início de agosto, após intensa pressão, o Copom enfim decide pela redução da Selic, que passa a 13,25% ao ano. Segundo o movimento, porém, a redução de 0,5 p.p. mantinha a política monetária de Campos Neto nociva à economia, então a mobilização pela queda dos juros continuaria, com a exigência de que a taxa ficasse abaixo de 10%.

Os atos acompanham também as três últimas reuniões do ano do Copom, em setembrooutubro e dezembro, período em que é mantida a sequência de cortes na taxa, sempre de 0,5 p.p., fazendo com que a Selic chegasse aos atuais 11,75%. O movimento, porém, reitera que a Selic nesse patamar continua alta para o do Brasil e deve continuar caindo.

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p style=”text-align: justify;”>Fonte: Fetec CUT. Foto de capa: reprodução/CUT.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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