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INCÊNDIOS NO CHILE AMEAÇAM RESERVA MUNDIAL DA BIOSFERA

INCÊNDIOS NO CHILE AMEAÇAM RESERVA MUNDIAL DA BIOSFERA

Fogo já consumiu grandes porções da Reserva Nacional Lago Pañuelas, área protegida reconhecida pela Unesco. Monoculturas ajudaram a espalhar chamas.

Por Cristiane Prizibisczki/O Eco

Os incêndios que atingem a região de Valparaíso, no centro do Chile, desde a última semana, têm deixado rastros de destruição não só em áreas com ocupações humanas – com a consequente morte de 122 pessoas, segundo números divulgados na noite de domingo pelo governo chileno. 

Dos 11 mil hectares já consumidos pelas chamas, grande parte se concentra dentro da Reserva Nacional Lago Pañuelas, área que foi protegida devido à sua importância na provisão de água para Valparaiso e Vina del Mar. A reserva, junto com o Parque Nacional La Campana, mais ao norte, receberam da Unesco, em 1984, o título de Reservas da Biosfera.

A área total do parque que foi queimada ainda não foi contabilizada, mas as chamas já ocupam grande parte do seu interior. A Reserva cobre uma área de 9,2 mil hectares e contém ao menos 150 espécies nativas já catalogadas, sendo que ao menos duas já haviam recebido o status de “ameaçadas”.

A flora da reserva inclui mata mista, mata ciliar e mata caducifólia. Espécies de árvores exóticas também são encontradas em seu interior, em grandes plantações, principalmente de eucalipto e pinus. 

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Propagação do incêndio no Chile. Crédito: Googe Earth

Cerca de 120 espécies de aves foram registradas na reserva, além de mamíferos de médio porte, como o gato-dos-pampas (Leopardo colocola), a raposa-colorada (Lycalopex culpaeus) e a raposa-cinzenta (Lycalopex griseus).

As altas temperaturas e os ventos fortes registrados na região desde a sexta-feira ajudaram na disseminação das chamas, mas a estiagem prolongada e a presença de monoculturas no caminho do fogo foram fatores decisivos.

À BBC, o professor do Departamento de Geofísica da Universidade do Chile, Roberto Rondanelli, explicou que a presença de espécies exóticas em grandes plantações serve de combustível para a disseminação do fogo.

“A área é muito mais vulnerável quando tem mais plantações do que floresta nativa.

A floresta nativa é muito mais resistente ao fogo. Além disso, a densidade de biomassa das plantações florestais é maior que a da floresta nativa para maximizar as produções, e isso pode ser um problema”, disse o professor à BBC.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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