CARAMELO: O CAVALO-SÍMBOLO DA RESISTÊNCIA
Quatro dias em pé em cima de um telhado cercado por água. Sem comida. Sem água. E o cavalo Caramelo ali, firme, se equilibrando bravamente em suas quatro patas.
Por Eduardo Pereira
Assim que as imagens daquele animal ilhado começaram a circular e ganhou projeção a história do cavalo ali, parado, no topo das águas em Canoas, no Rio Grande do Sul, Caramelo tornou-se símbolo de resistência no Brasil e no mundo.
Em meio a uma tragédia ambiental sem precedentes, engatilhada pelas mudanças climáticas, sua serenidade estoica conquistou nossos corações, e uma nação inteira passou a torcer por ele.
Após uma mobilização intensa de pessoas pelas redes sociais e fisicamente, para alívio e alegria de milhares que acompanhavam sua odisseia, Caramelo foi resgatado pelo Corpo de Bombeiros de São Paulo, acompanhado por uma equipe de veterinários e veterinárias.
Em uma ação heroica, ele foi sedado e colocado dentro de um bote, pacificamente. Após serem constatados um quadro de desidratação e algumas pequenas lesões musculares, para a felicidade geral do povo brasileiro, Caramelo passa bem e está sendo cuidado com muito amor no Hospital Veterinário da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), também em Canoas.
Enquanto se recupera, Caramelo vem sendo disputado por pelo menos dez pessoas, que se dizem donas dele, e por uma imensidade de outras pessoas interessadas em adotá-lo. Quem ficará com Caramelo? Que seja uma pessoa cuidadosa e amorosa, que possa amá-lo como cada qual de nós o amamos hoje.
O mais importante, entretanto, é que este singelo cavalo gaúcho, que emocionou nossos corações e mentes com sua resiliência icônica, nos ajude também a compreender que as mudanças climáticas, de fato, chegaram e que nossa presença enquanto espécie humana no planeta Terra vai exigir de nós, cada vez mais, novos hábitos e novos comportamentos de respeito à natureza.
Que o exemplo de resistência de Caramelo nos faça ter mais respeito pela natureza, para que o mundo não tenha que passar por essas tremendas catástrofes climáticas, para que a população e meio ambiente não precisem sofrer as consequências dos posicionamentos negacionistas dos seus governos.
Eduardo Pereira – Sociólogo.