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Juazeiro: A cara da paisagem do sertão nordestino

Juazeiro: A cara da paisagem do sertão nordestino 

“Juazeiro, Juazeiro

Me responda, por favor

Juazeiro, velho amigo

Onde anda o meu amor

Ai, Juazeiro

Ela nunca mais voltou

Diz, Juazeiro

Onde anda meu amor…”

Trecho da música Juazeiro: Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga

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Eternizado nesta canção, o juazeiro (Ziziphus joazeiro Mart.) é um dos elementos típicos das paisagens dos sertões nordestinos.

É uma espécie endêmica da vegetação caatinga, com porte arbóreo e característica perenifólia, ou seja, não perde suas folhas no período seco do ano, ao contrário da maioria das espécies da flora no bioma Caatinga. Essa particularidade deixa o juazeiro em evidência no período seco do ano, onde o verde de suas folhas contrasta com o acinzentado da paisagem.

Seus frutos são pequenos, porém suculentos e adocicados, possuem alto teor de proteínas e vitamina C, sendo muito apreciados por diversos animais silvestres e domésticos, principalmente caprinos e ovinos. Na alimentação humana, é comum a utilização do fruto in natura ou na fabricação de geleias caseiras.

Além de todos esses benefícios, o juazeiro é utilizado como planta medicinal pela tradição popular no combate a problemas gástricos através do extrato de suas folhas. Por outro lado, o pó da raspa da casca desta planta possui alto teor de saponinas, sendo muito utilizado para higienização bucal, prevenindo contra cáries e promovendo a redução da placa bacteriana.

Indiscutivelmente, o juazeiro constitui uma riqueza natural da Caatinga, com diversos benefícios para o homem e a biodiversidade. No entanto, não se pode esquecer que o uso de qualquer planta para fins medicinais deve ser muito bem estudado e planejado, evitando-se causar riscos ao estado de conservação dessas espécies.

Assim, espera-se que o compartilhamento de conhecimentos sobre biodiversidade aflore nas pessoas o desejo de cuidar cada vez mais do nosso meio ambiente.

Matéria e fotos do Eduardo Henrique, parceiro da Xapuri e administrador da página  Viva Caatinga em Floresta, Pernambuco, Brazil.


 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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