MST denuncia agronegócio em espaço da COP 30

MST DENUNCIA AGRONEGÓCIO EM ESPAÇO DA COP 30

MST denuncia agronegócio em espaço da COP 30

Manifestação na Agrizone, com espaço na COP 30, denuncia o agronegócio como o principal responsável pela crise ambiental no Brasil

Por MST

Nesta terça-feira (11), militantes do MST realizaram manifestação de escracho no espaço da Agrizone na COP 30, área destinada aos debates ligados ao agronegócio, em Belém, no Pará. A ação denuncia o agronegócio como o principal responsável pela crise ambiental no Brasil. 

Na intervenção, os militantes representaram a “morte”, com um prato com soja, tomate e laranja, com uma caveira. Outros, usavam um pulverizador costal escrito “glifosato”, para denunciar o uso massivo de agrotóxicos e transgênicos nos monocultivos do Agro. E entoavam músicas em denúncia aos malefícios desse modelo que destrói a natureza, com versos como “Agrizone, tu não me engana, o verde desse dólar não salva nossa Amazônia”. 

O espaço está localizado a dois quilômetros da Blue Zone, área das negociações oficiais da COP 30, em Belém. A partir desta segunda-feira (10), até o dia 21 de novembro, a Agrizone deve receber cerca de 400 eventos, entre painéis, visitas técnicas e lançamentos. 

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Fotos: Priscila Ramos

Na lista dos patrocinadores da Agrizone estão Bayer, Syngenta, Nestlé e PepsiCO. Além disso, as principais entidades representantes do agronegócio também têm presença central no espaço. A Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), a Sociedade Rural Brasileira (SRB) e a Amaggi, uma das maiores empresas brasileiras do setor, estão em evidência no espaço.

Histórico do patrocinadores é de ações contra meio ambiente e a população

“Este espaço foi dominado pelo agronegócio, que busca ampliar seus lucros e construir sua imagem de “verde”, às custas da natureza e das comunidades”, afirmou Divina Lopes, da coordenação nacional do MST.

No Brasil, 74% das emissões de gases de efeito estufa são causadas pelo agronegócio e seu complexo industrial. 

Estima-se que a Bayer enfrente 170 mil processos por contaminação pelos seus produtos, em especial, do agrotóxico Roundup. A Syngenta é responsável por um quarto do mercado de profenofós – inseticida que é um neurotóxico extremamente danoso (semelhante ao gás sarin). O agrotóxico é encontrado na água potável de milhões de pessoas, apontou relatório produzido pela ONG Public Eye.

Já no caso da Nestlé, segundo os critérios da própria empresa, 54% das suas vendas são de produtos com índices de saudabilidade muito rebaixados. Com relação à PepsiCO, foram identificados em vários produtos da empresa, inclusive no salgadinho Doritos, resíduos do agrotóxico Glifosato, que geram consequências como desordens gastrointestinais, obesidade, diabetes, doenças cardíacas, depressão, autismo, infertilidade, câncer, mal de Alzheimer, mal de Parkinson, intolerância ao glúten.

“As empresas do agronegócio se apropriaram do espaço, submetendo órgãos públicos como a Embrapa, universidades e agências de assistência técnica”, destacou Divina Lopes.

De acordo com a militante, não há como discutir a superação da crise ambiental junto ao principal causador dela no Brasil. “Se, de fato, queremos enfrentar as consequências da crise ambiental, precisamos considerar que o agronegócio é seu principal responsável em nosso país”, finaliza Divina. 

Fonte: MST Capa: Priscila Ramos

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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