CACTÁCEAS DA CAATINGA: O QUIPÁ

CACTÁCEAS DA CAATINGA: O QUIPÁ

Cactáceas da : o Quipá

 As cactáceas são apreciadas no mundo inteiro por sua beleza característica, muitas vezes associada às paisagens de regiões áridas, semiáridas e subúmidas. Além disso, possuem ampla utilização para fins ornamentais, medicinais, ecológicos e alimentares, tanto para domésticos e silvestres, como para os seres humanos.

Por Eduardo Henrique

CACTÁCEAS DA CAATINGA: O QUIPÁ
Foto: Associação Caatinga

Para se ter uma ideia da diversidade de espécies de cactos no , de acordo com o site Flora do Brasil do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, são conhecidas 263 espécies de cactos, das quais 188 são endêmicas do país.

Os estados brasileiros que mais se destacam em diversidade são e , com 107 e 101 espécies, respectivamente.

Com relação ao bioma Caatinga, já foram registradas 94 espécies pertencentes à família Cactaceae, dentre as quais está presente Tacinga inamoena (K. Schum) N.P. Taylor & Stuppy, também conhecida popularmente como quipá.

O quipá é um cacto endêmico do domínio fitogeográfico Caatinga, sendo encontrado distribuído por toda a região semiárida do Brasil. Suas variam do laranja intenso ao vermelho, e seus frutos apresentam-se na cor amarela ou laranja fosco, geralmente com quatro centímetros de diâmetro.

Existem relatos da utilização desses frutos e da na humana e de animais domésticos como caprinos, ovinos e bovinos, mas apenas em situações extremas de falta de .

Mesmo com estudos científicos recentes que demonstraram o elevado valor nutricional desses frutos, sua utilização ainda se encontra limitada devido à presença de gloquídeos, que é um termo técnico da botânica para denominar um tipo de estrutura morfológica dos cactos que agem como espinho, são muito fáceis de penetrarem na pele e difíceis de sair, causando na maioria das vezes fortes irritações.

Por outro lado, diversos animais da Caatinga são especialistas na utilização eficiente dos frutos do quipá, que são abundantes mesmo em anos de pouca chuva, servindo como base alimentar para animais como o macaco-prego (Sapajus libidinosus) e o casaca-de-couro (Pseudoseisura cristata).

Eduardo Henrique de Sá Júnior – Estudante de Agronomia na UFRPE, administrador da página Viva Caatinga, fotógrafo da . Fotos internas: Eduardo Henrique e Associação Caatinga

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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