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Desmatamento

Desmatamento ilegal abate área recorde de floresta em sete Terras Indígenas entre Rondônia e Mato Grosso

Um dos mais importantes redutos de biodiversidade e preservação cultural indígena da Amazônia, o Corredor Tupi-Mondé perdeu o equivalente a 2,7 mil campos de futebol de florestas em 2017 ao desmatamento ilegal. 

Dados consolidados das perdas florestais mostram que o e a exploração de recursos naturais avançaram de modo desenfreado no Corredor Tupi-Mondé durante 2017. As perdas no ano totalizaram 2,3 mil hectares (área equivalente a 2,7 mil campos de futebol).

O alerta vem de um monitoramento independente, conduzido pelo Instituto de Conservação e da (Idesam), juntamente com a Equipe de Conservação da Amazônia (Ecam), Associação Metaleirá do Povo Indígena Suruí (Gamebey) e Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé. Para realizá-lo, foi utilizado o aplicativo Global Forest Watch (GFW), que permite combinar imagens de satélite, dados abertos e informações locais para identificar ameaças importantes de desmatamento, suas causas e agentes.

Situado entre Rondônia e Mato Grosso, o corredor Tupi-Mondé tem uma área total de 3,5 milhões de hectares (equivalente ao território da Bélgica) e é um importante reduto de e preservação da e do modo de vida tradicional de cinco etnias que ali habitam: Arara, Cinta Larga, Gavião, Paiter Suruí e Zoró.

É uma população de quase seis mil pessoas ocupando sete Terras Indígenas (TIs), das quais a Sete de Setembro encabeça a lista do desmatamento, com perda de 930 hectares de cobertura florestal em 2017, mais do que o dobro registrado na TI Roosevelt, segunda do ranking, com perda de 407 hectares de florestas. As TIs Serra Morena e Aripuanã foram as menos atingidas, com perdas em torno de 70 hectares de florestas no ano passado.

Como resultado das sucessivas perdas, os índices de cobertura florestal oscilam hoje, nas TIs mais degradadas, entre 93% (TI Parque do Aripuanã) e 95% (TIs Roosevelt, Sete de Setembro, Zoró) e 99% nas melhor conservadas (TIs Aripuanã e Serra Morena). A TI Igarapé Lourdes registra atualmente 96% de cobertura vegetal.

“A porcentagem de perda parece pequena, mas é alarmante, pelo grande valor estratégico do Tupi-Mondé, uma ilha de conservação florestal em pleno arco do desmatamento na Amazônia”, segundo Pedro Soares, gerente do Programa de do Idesam. “Especialmente, porque essa situação faz com que a região se torne alvo de grande pressão do entorno, já tomado por centros urbanos, estradas e esgotamento de recursos naturais”, alerta.

Arildo Suruí, coordenador geral da Metaleirá, também demonstra preocupação com o ritmo da degradação florestal local: “A TI Sete de Setembro está sob forte pressão de invasores e indígenas ligados ao garimpo e à exploração ilegal de madeira. E o governo não promove condições de conservação”, diz ele.

Segundo Soares, o desmatamento local conta com a ausência de fiscalização para prosperar e obedece a um ciclo bem conhecido, no qual o garimpo e a extração ilegal de madeira são os primeiros a se instalar, logo seguidos pela pecuária.

Os dois primeiros degradam a floresta e geram necessário para em pastagens e compra de gado,  que se tornam atividades perenes. “O final é conhecido: instala-se uma pecuária extensiva, sem tecnologia, que abriga 0,5 cabeça de gado por hectare onde poderia haver quatro. Com isso, o modo de vida indígena é destruído, gera-se pouca , a terra se esgota rapidamente e surge a necessidade de desmatar novos territórios para recomeçar”, constata o especialista do Idesam.

“O desafio de conservação das TIs do Tupi-Mondé é enorme, devido à expansão da pecuária e à retirada de madeira. Ainda existe um longo caminho a ser percorrido para promover um desenvolvimento sustentável nesses territórios”, afirma Josias Gavião, líder do Povo Indígena Gavião.

Os dados estão detalhados no Boletim do Desmatamento do Tupi-Mondé, edições 1 e 2, que podem ser acessados em idesam.org/boletim-desmatamento-corredor-tupi-monde.

Matéria proveniente da P&B Comunicação

Saiba mais sobre Desmatamento

desmatamento no  é um dos grandes problemas ecológicos que o país enfrenta na atualidade. Várias são suas causas, e elas têm peso distinto nas diversas regiões, sendo as mais importantes a conversão das terras para a agricultura ou para a pecuária, a exploração madeireira, a grilagem de terras, a urbanização e a criação de infraestruturas como pontes, estradas e barragens.[1][2] O estado do Mato Grosso é o mais atingido pelo desmatamento, seguido pelo Pará e Rondônia.[3]

Desde que o homem chegou ao atual território do Brasil, há milhares de anos, passou a produzir impacto ambiental em ciclos repetidos de desmatamento. Mudanças climáticas também devem ter provocado importantes rearranjos nas composições florestais de amplas regiões, mas o conhecimento do processo em épocas tão recuadas é muito incompleto.[4][5][6][7] A partir da conquista portuguesa em 1500 os dados começam a ser mais abundantes, atestando que muitas florestas caíram, especialmente no litoral, para retirada de madeiras e uso agropecuário da terra. De lá para cá o problema se agravou profundamente.[5][8] Estima-se que o país tinha originalmente 90% de sua área coberta por formações florestais variadas, o restante constituído de campos,[9] mas em 2000 a proporção total havia baixado para 62,3%.[1] Regionalmente a situação é ainda mais preocupante. Alguns biomas tiveram reduções muito maiores, especialmente a Mata Atlântica, uma das florestas mais ricas em biodiversidade do mundo, da qual hoje resta menos de 13%, e em estado altamente fragmentário, o que acentua sua fragilidade.[10]

(Fonte: Wikipedia)

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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