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Corredor da vida

Um gigantesco “corredor da vida” na Amazônia

Um gigantesco “corredor da vida” na Amazônia

Povos Indígenas propõem a criação de gigantesco “corredor da vida” na Amazônia – Área teria o tamanho do México e foi apresentada por uma aliança que reúne mais de 500 culturas indígenas de nove países amazônicos na Conferencia da ONU sobre Biodiversidade…

Por Redação Galileu 
Um corredor de 200 milhões de hectares, conectando os Oceanos Atlântico e Pacífico com florestas, vida selvagem e os povos que vivem e dependem da floresta amazônica para viver. A ideia não é nova, e já vinha sendo articulada pela Colômbia, que, segundo noticiou o The Guardian, planejava apresentar com apoio do Equador na conferência das Nações Unidas sobre o Clima, que acontece no início de dezembro em Katowice, na Polônia.
O Triplo A (Andes, Amazonas e Atlântico) chegou a fazer os olhos de muitos ambientalistas brilharem, mas perdeu força desde uma eleição em junho na qual o populista direitista Iván Duque assumiu o poder. A ideia também encontra ferrenha resistência de Jair Bolsonaro.
Em entrevista coletiva, o presidente eleito condicionou a permanência do Brasil no Acordo Climático de Paris à garantia de que o Triplo A não fizesse parte dele, embora nunca tenha feito. “136 milhões de hectares de terra e os rios Solimões e Amazonas não estariam em nossa jurisdição porque seriam considerados essenciais para a sobrevivência da humanidade”, afirmou. “Então, eu te pergunto, com esse acordo de Paris, nós correríamos o risco de desistir da Amazônia?”
A proposta da Colômbia, no entanto, não colocava em risco a soberania brasileira sobre a região. Apenas pregava a defesa da biodiversidade e o fim do desmatamento, por exemplo, o que seria visto como a grande contribuição da América do Sul para conter o avanço do aquecimento global e limitar os impactos das mudanças climáticas.
As chances de algo assim acontecer  são pequenas, principalmente pelo posicionamento dos governos conservadores, mas ganhou coro na última Conferência da ONU sobre biodiversidade, que aconteceu em meados de novembro no Egito, reportou o jornal The Guardian. Uma aliança indígena, que representa 500 culturas de nove países amazônicos, entrou na briga para a criação de um corredor  sagrado de vida e cultura”, que seria do tamanho do México.
“Nós viemos da floresta e nos preocupamos com o que está acontecendo”, disse Tuntiak Katan, vice-presidente do Coica (Organização Indígena da Bacia do Rio Amazonas). “Este espaço é o último grande santuário do mundo para a biodiversidade. Ele está lá, porque estamos lá. Diferente de outros lugares que foram destruídos.”
Ao contrário da versão colombiana, essa proposta colocaria limites à soberania do governo brasileiro sobre sua parcela da floresta amazônica, mas não em favor de interesses internacionais. Os favorecidos seriam os descendentes das populações que originariamente ocupam a região.
A organização não reconhece as fronteiras nacionais, que foram estabelecidas pelos governos coloniais e seus descendentes sem o consentimento dos povos indígenas que viveram na Amazônia por milênios. Katan disse que o grupo estava disposto a conversar com qualquer pessoa que estivesse pronta para proteger não apenas a biodiversidade, mas os direitos territoriais das comunidades florestais.
Os líderes do Coica disseram que iriam avançar com o plano, independentemente da situação política em mudança. Eles estão buscando representação no nível do governo na Convenção da ONU sobre Biodiversidade e querem se aliar com grupos indígenas e ONGs de outros países. Mas seu poder político é fraco e muitos temem que possam ser atacados de forma mais violenta pelo agronegócio e grupos mineradores diante da vista grossa dos governos.
Katan disse que o diálogo era o melhor caminho a seguir, mas algumas comunidades já estavam se preparando para defender suas terras com suas vidas. “Nós sabemos que os governos vão tentar passar por cima de nossas cabeças. Precisamos de uma estratégia defensiva, uma estratégia de comunicação. Isso não é novidade para nós. Nós enfrentamos desafios há centenas de anos ”.

Corredor da vida
DESMATAMENTO ACOMPANHA O CURSO DAS ESTRADAS NA AMAZÔNIA. (FOTO: NASA)

Fonte: Revista Galileu
 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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