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Chico Mendes

Chico Mendes, o mundo conhece! E o ministro, quem é?

Chico Mendes, o mundo conhece! E o ministro, quem é?

Por Maria Meirelles

Uma coisa é preciso admitir, a habilidade que o governo Bolsonaro tem de nos surpreender, negativamente, é indiscutível. O absurdo da vez foi protagonizado por Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, que durante o programa Roda Viva questionou: “Chico Mendes é irrelevante… que diferença faz quem é o Chico Mendes nesse momento? ”.

A frase dá margem a uma série de interpretações, tendo em vista que Salles faz questão de endossar que esse é o posicionamento do atual governo – “nesse momento”. Entretanto, o que não cabe é a ignorância do ministro sobre a Amazônia, seus povos, cultura e, em especial, sobre um dos maiores líderes ambientalistas do mundo: Chico Mendes.

Chico nasceu e viveu no interior do Acre, em Xapuri, onde foi assassinado por pessoas que, assim como Salles, eram contrarias as suas bandeiras de luta. As ideias revolucionárias desse humanista e ambientalista acreano são a base das políticas públicas de desenvolvimento sustentável no mundo.

O movimento que Chico Mendes liderou com outros companheiros e companheiras na década de 80 resultou na criação das reservas extrativistas no Brasil, entre outras conquistas.

Sua relevância e contribuição para o planeta é tamanha que em dezembro do ano passado, ambientalistas do mundo inteiro reuniram-se no Acre para celebrar e rememorar o seu legado e história. Do encontro nasceu a Carta Xapuri – manifesto construído coletivamente para reafirmar o compromisso com a defesa da Amazônia, das populações que nela vivem e impulsionar o pacto de gerações entre as lideranças do ontem, hoje e do amanhã.

Chico, o mundo conhece! E o ministro, quem é? É um advogado, ex-secretário de Estado de São Paulo, condenado por improbidade administrativa devido fraude no Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Várzea do Rio Tietê. É o ministro de um governo que defende o fim da demarcação de Terras Indígenas e é a favor da flexibilização do licenciamento ambiental, mesmo diante de crimes como o de Mariana e Brumadinho.

#ChicoMendesVive!

Este é um artigo de opinião de Maria Meirelles, jornalista e feminista acreana. Nosso site está democraticamente aberto para aberto para artigos em defesa de Chico Mendes, da Amazônia e dos povos da floresta.


Salve! Taí a Revista Xapuri, edição 82, em homenagem ao Jaime Sautchuk, prontinha pra você! Gostando, por favor curta, comente, compartilhe. Boa leitura !

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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