Ciclone Idai: Resposta em Moçambique

Ciclone Idai: nossa resposta em Moçambique

No início de março, fortes chuvas atingiram Moçambique e Malaui, causando inundações mortais. A tempestade logo se transformou no ciclone tropical Idai, que afetou cerca de 1,8 milhão de pessoas em Moçambique, de acordo com as Nações Unidas. Outras centenas de milhares sofreram o impacto do ciclone nos países vizinhos Zimbábue e Malaui.

Por: icrc

A cada dia, sabemos mais sobre a escala da devastação causada pelo ciclone Idai. Ela é massiva. Levará tempo para entendermos a dimensão completa das necessidades, já que os vilarejos remotos continuam isolados pelas águas. Os moradores perderam casas, meios de subsistência e entes queridos.

Ajuda a famílias separadas

Abrigos, trabalhos de resgate e outras ajudas de emergência são vitais, mas uma necessidade muitas vezes esquecida é que as pessoas precisam saber onde estão seus entes queridos. Diversas famílias têm vivido sob constante ansiedade por não saber se os desaparecidos estão vivos ou não.

Famílias foram separadas ou perderam contato entre si durante a tempestade ou a evacuação. A agonia de não saber o que aconteceu com um ente querido em um desastre como o ciclone Idai é indescritível. Temos equipes no Malaui, e Zimbábue trabalhando para instalar sistemas que ajudem as pessoas sem acesso a telefone ou internet a encontrar os familiares desaparecidos.

Diana Araujo, delegada do CICV em Beira

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) lançou um sitepara que as pessoas reportem que estão vivas e procurem por entes queridos que possam ter feito o mesmo. A plataforma está disponível em português e inglês.

Você perdeu o contato com a sua família durante o Ciclone Idai?
Quer avisar que você está bem e seguro após o Ciclone Idai?

Faça uma busca na nossa lista de pessoas desaparecidas e registre-se como “eu estou vivo (a)” aqui:https://bit.ly/2TYZW7G

Como muitas áreas afetadas continuam sem eletricidade e acesso à internet, trabalhamos com as Sociedades da Cruz Vermelha em Moçambique, Malaui e Zimbábue para instalar sistemas de registro e busca de desaparecidos, incluindo crianças desacompanhadas e separadas.

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Joachizinesa Matange é uma das pessoas que ajudamos através do programa Restabelecimento de Laços Familiares. Foto: Amilton Neves/Nuku Studio

Atividades forenses em Moçambique

Após um desastre natural, é essencial que os mortos sejam catalogados e recebam um tratamento digno. Sem uma gestão adequada dos restos mortais, os corpos não são identificados e as famílias têm menos chances de poder aceitar o que aconteceu.

O desafio para nós é que os corpos são enterrados de maneira muito superficial. Não é um sepultamento, por mais que as pessoas amontoem árvores e detritos sobre o . Esses materiais são logo removidos pelo , a chuva e a água, fazendo o corpo reaparecer e demandar um enterro mais permanente.

Stephen Fonseca, coordenador forense regional

Nossa equipe forense trabalha em apoio às autoridades no vilarejo de Dombe, a poucas horas de carro de Chimoio, para criar um sistema de gestão de cadáveres.

São necessárias soluções criativas para lidar com a inundação. Nossa equipe forense avalia as necessidades e opções nas comunidades remotas.

Assistência à saúde

Há uma ameaça real de surtos de cólera e outras doenças. É provável que haja um aumento dos casos de malária. Água potável e acesso ao atendimento médico serão vitais. Nossos especialistas em água e saneamento, assim como nossas equipes de , trabalham com os parceiros da Cruz Vermelha para encontrar a melhor maneira de responder às necessidades.

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Foto: Amilton Neves/Nuku Studio

Em Beira, a falta de energia elétrica afeta a capacidade dos profissionais de saúde de responder às pessoas necessitadas. O CICV doou 1 mil litros de combustível ao hospital para ajudá-lo a operar com gerador. A organização também forneceu remédios e material médico a outros estabelecimentos de saúde no centro de Moçambique e no leste do Zimbábue.

O CICV trabalha em Beira, no centro de Moçambique, para responder às consequências humanitárias da violência armada, que afetou povoados nas províncias de Manica e Sofala entre 2014 e 2016. Estamos muito preocupados com as comunidades rurais que ajudávamos antes do ciclone Idai. Algumas continuam isoladas e sem poder receber assistência.

Da nossa base logística em Chimoio, enviamos uma equipe para avaliar rapidamente a situação dessas comunidades remotas de Manica e Sofala. Assim, podemos começar a oferecer assistência que salva vidas e responder às necessidades urgentes. Também iniciamos a distribuição de material de ajuda em algumas dessas comunidades.

Fonte:https://www.icrc.org/pt/document/ciclone-idai-nossa-resposta-em-mocambique?fbclid=IwAR3zfrvoRpHq0Jd0OjM4invSz_0KLQqNRbcVHF-kBxciL3xmvrO8aJQ97R4

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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