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Jueirana-Facão: Árvore é um dos elos perdidos entre Mata Atlântica e Amazônia

Jueirana-Facão: Árvore é um dos elos perdidos entre a Mata Atlântica e Amazônia

Jueirana-Facão: Árvore descoberta em reserva é um dos elos perdidos entre Mata Atlântica e Amazônia

Do nationalgeographicbrasil

Floresta Amazônica e Mata Atlântica talvez sejam os primeiros nomes a saltarem à mente quando o assunto “ecossistemas brasileiros” entra em pauta. Mesmo que, de longe, elas pareçam as duas mesmas massas verdes, poucos sabem que as copas de suas árvores abrigam espécies de animais e plantas muito diferentes entre si.

Por muito tempo, cientistas e pesquisadores brasileiros quiseram entender como essas duas grandes áreas poderiam se relacionar intrinsecamente de alguma forma e, agora, eles parecem ter descoberto um singelo, mas ao mesmo tempo gigante, traço em comum.

Na Reserva Natural Vale, em Linhares (ES), onde 23 mil hectares de Mata Atlântica são preservados em sua forma natural, foi descoberta em 2017 uma árvore que, antes, acreditava-se existir apenas na Amazônia. Trata-se da jueirana-facão (Dinizia jueirana-facão), uma espécie do gênero Dinizia com mais de 30 m de altura e quase 60 ton. A árvore entrou para a lista de 10 seres vivos mais incríveis descobertos pela ciência em 2017 feita pela Faculdade de Ciências Ambientais e Florestais da Universidade do Estado de Nova York.

Gwilym Lewis, do Kew Gardens, em Londres, um dos maiores especialistas em botânica do mundo, ajudou a catalogar a árvore dentro de seu gênero correto. “As Dinizias são específicas da Amazônia, ocorrendo em Rondônia e no Acre. Essa seria a segunda espécie do tipo, por isso é mais um grande indício de uma ligação entre os dois biomas”, conta Siqueira.

Segundo ele, a árvore cai, atualmente, na classificação de criticamente ameaçada. “A perda de habitat e o fato de a quantidade de sementes por receptáculo ser muito pouca colabora para a escassa quantidade de espécimes.”

De acordo com o botânico, podem ser encontrados até 13 exemplares da jueirana-facão dentro da reserva. Ele explica que a árvore recebeu esse nome devido ao tamanho da vagem que produz. “Dentro dela estão as sementes e como elas são pesadas, não acabam se dispersando muito longe da árvore mãe”, conta ele.

Siqueira afirma que já começaram a produção de sementes e plantação da árvore de forma intencional para que a espécie não se perca. “Existe uma plantada em 2014 no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, que já está com quase 4 metros de altura. No nosso horto também temos alguns exemplares plantados por nós mesmos que já estão com 7 metros de altura e 4,5 metros de circunferência. ”

 

Esta reportagem foi editada em 3 de dezembro de 2018 para corrigir o valor de circunferência da árvore para 4,5 metros... (supervisionou Miguel Vilela)

Fonte: nationalgeographicbrasil

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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