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Meu Cabelo Duro é assim…

Meu Cabelo Duro é assim…

Presidente da Fundação Palmares, que é careca, diz que negro não deve ter orgulho de cabelo afro. Vai contra toda uma cultura, várias histórias e civilizações. No momento em que mais se fala em assumir sua cor e raça o Presidente de uma Fundação feita para direitos e cultura negra, para o povo preto, destoa e expõe o seu racismo. Certo estava o Chiclete com Banana: Meu cabelo duro é assim, cabelo duro, de pixaim (bis)/Nega não precisa nem falar, nega não precisa nem dizer/
Que meu cabelo duro se parece é com você (bis)

O presidente da Fundação Palmares, Sergio Camargo, que é careca, justificou a falta de oportunidades para negros no mercado de trabalho ao afirmar que o cabelo afro atrapalha.

“Não tenha orgulho do seu cabelo afro, orgulhe-se das suas conquistas”, ele escreveu no twitter, para completar: “Ensinam preto a defender seu cabelo afro, em vez da educação livre de doutrinação e do método Paulo Freire. Depois, com suas vastas cabeleiras, reclamam da falta de oportunidades para pretos no mercado de trabalho”.

“O cabelo do negro é carapinha”, observou Camargo num post anterior, em que disse que, se não fosse careca, não usaria cabelo no estilo afro.

Ele se incomodou com um artigo publicado no UOL em que são feitas críticas a empresas que não pensam nos cabelos afro ao produzir fones de ouvido.

Os cabelos black power se tornaram um símbolo da luta pelos direitos civis dos negros norte-americanos nos anos 60.

Desde que assumiu a Fundação Palmares, Camargo tem se dedicado a criar polêmicas em que ataca os fundamentos do movimento negro.

Em gravação feita clandestinamente e divulgada em junho deste ano, Camargo referiu-se ao movimento como “escória maldita” e disse que Zumbi dos Palmares, que nomeia a Fundação, era um “filho da puta que escravizava pretos”.

Fonte: Viomundo

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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