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Para que servem ACADEMIAS?

Para que servem ACADEMIAS?

O escritor e professor Xiko Mendes traz com uma pitada de humor e irreverência a finalidade das ACADEMIAS de intelectuais. Mas… para que servem mesmo?

Naquele 20 de julho de 1897 era fundada a ABL, Academia Brasileira de Letras. Primeiro Presidente: Machado de Assis. Seu Secretário: Joaquim Nabuco. Seguramente, estavam entre os Intelectuais mais badalados do entre séculos!

Mas, infelizmente, Machado de Assis foi clarividente: ao publicar o conto “Teoria do Medalhão”, ele parece ter voltado os olhos para muitas academias que se ocupam tão somente em conferir diplomas, medalhas, fardões, pelerines, honrarias e empáfias, enfim, buscam como foco apenas a visibilidade midiática, não do homenageado, mas dela própria. A cerimônia não é feita para celebrar o homenageado (muitos se enganam com isso!) e, sim, para aplaudir a tal “academia”.

Academo, herói mítico grego que revelou aos irmãos de Helena o cativeiro dela em mãos de Teseu, certamente está ardendo de raiva no Jardim de seu túmulo que Platão mitificou como seu SODALÍCIO inspirador.

Academo nunca imaginou que muitas academias existem hoje para autopromoção e não para se tornarem espaços da Sociedade Civil Organizada, cheias de Ativistas Culturais compromissados com a formação de uma Consciência Coletiva empoderada e engajada na defesa de valores cívicos identitários do povo a qual pertença.

Academo certamente concordaria com Machado de Assis: *academias servem para que?* O conto machadiano é um Manual de Explicações hilariantes sobre isso. Platão, que lecionou no Jardim de Academus, morreria de rir, pois, como fundador da primeira Academia no Ocidente, deixou contribuição relevante para que nós adentremos ao Mito da Caverna e de lá possamos extrair dele a lição sobre qual o papel de uma Academia: mundo sensível (o dos medalhões?) ou mundo inteligível (entre o Logos e o Demiurgo?).

Eis o debate!

Aos vencedores, as batatas! Vamos à história dos subúrbios! Ou à Filosofia do Humanitismo? Diga aí Quincas Borba: *onde está o Legado da nossa Miséria?*

117728903 4443527372354611 1813288659135627322 n Xiko Mendes é Mestre em Educação pela UnB, professor, escritor, poeta e como ele auto se denomina baiangoneiro (baiano, mineiro,  goiano e geralista. – do Grande Sertão Veredas. É membro atuante da Alaneg – Cadeira 01 – Silvério Mendes Teixeira – Academia de Letras e Artes do Nordeste Goiano e RIDE.

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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