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Manifesto: Alfabetização em Domicílio

Manifesto: Alfabetização em Domicílio

Manifesto: Alfabetização em Domicílio é um artigo que, sobretudo destaca a importância de alfabetizar a população, principalmente a adulta trabalhadora, ou pessoas que possuam algum tipo de limitação de acesso. Afirma o autor: “uma das maiores e mais férteis planícies para cultivar um projeto de Alfabetização em Domicílio é a Universidade.”

Por Adelino Soares Santos Machado

Dentre os serviços de utilidade pública relevantes ao desenvolvimento social de uma sociedade, destacaria a ideia de alfabetizar a população, principalmente a adulta trabalhadora, ou pessoas que possuam algum tipo de limitação de acesso. Vislumbro essa prática imaginando parcerias entre Escolas, Universidades, Organizações Governamentais e Não Governamentais e cidadãos voluntários que reconhecem no processo educacional, o combate a , ao , a desconcentração de renda e o fortalecimento de valores democráticos.

A iniciativa faz sentido e reforça os desejos cultivados nas páginas dos livros e que dão vida e asas às nossas “teorias pedagógicas” ou mesmo as discussões em torno de “ participativa”. Inicialmente caberiam perguntas, que consequentemente exigiriam respostas das mentes simpatizantes ao pleito. O que é necessário para que uma Instituição educacional pública encampe esse projeto, perante determinada sociedade? Contemporaneamente, que grau de empatia nos levaria (nós trabalhadores privados, educadores, demais servidores públicos) a colocar isso como meta e atingir ações afirmativas desta natureza?

Na prática, como e por quem seriam elaboradas atividades de planejamento, execução e desenvolvimento efetivo de “multiletramentos sociais” inicialmente desinteressados? E o nosso “ato pedagógico”, que não é só ação de pedagogo, ou pedagoga, mas de qualquer investida que propicie esclarecimento, reflexão, como seria aplicado num projeto assim? No nosso caso, profissionais de , que pedagogia desenvolvemos ou devolvemos à sociedade contemporânea? A nossa insistente cobrança de leitura em sala de aula, não deveria sair dela e chegar até as pessoas nas ruas, em suas casas?

O país como um todo, a começar pelo órgão educacional principal, que é o Ministério da Educação, possui todas as ferramentas, ao alcance de todos. Mas uma das maiores e mais férteis planícies para cultivar um projeto de Alfabetização em Domicílio é a Universidade. Ela tem recursos humanos e materiais, tem tempo, tem potencial e com ela podemos contribuir para fazer a diferença, em favor da coletividade, que financia com seu suor a educação nacional.

Realizei várias pesquisas pela rede mundial de computadores e não encontrei, até o momento, uma experiência, que pudesse servir de inspiração. Mas, a minha inabilidade de pesquisa não tem relevância e não impede caminhar, ainda que se imagine ser desconhecido o desafio. Alfabetizar as pessoas, colaborar com a utilização de tecnologias para produzir conhecimento, ao invés apenas do entretenimento, é possível que seja mais que uma prestação de serviço, mas também sentimento de dever constitucional cumprido e satisfação pessoal/institucional ativada.

Então vamos promover uma situação concreta, já que teoricamente é consenso que uma sociedade alfabetizada, esclarecida, participativa e conhecedora se auto evolui. Imaginemos uma região devidamente mapeada, um bairro, o setor Tomazinho, olhado de cima formando uma grande “sala de aula virtual! Ali atuam agentes comunitários de saúde, agentes do conselho tutelar, entre outros agentes. Esse território pode ser organizado em várias “salas de aula” e nelas atuarem “agente de leitura”, ou “agente alfabetizador”, ou os dois personagens integrados na atividade de ler e escrever com a população.

A implementação de um projeto de Alfabetização Domiciliar demandaria articulação sócio-institucional e planejamento, que conste de prévio diagnóstico, levantamentos de público-alvo, mapeamento de locais, análises, e definições de grupos, por níveis de aprendizado. Ações desta natureza sustenta-se em aportes teóricos tais como, Teberosky 2004, p. 42, que afirma acerca do que ela chama de “leitura dialógica”:

A leitura dialógica não se reduz ao espaço da aula, mas abrange mais espaços: inclui a variedade de práticas de leitura, que podem ser realizadas na biblioteca, em atividades extra-escolares, em casa, em centros culturais e outros espaços comunitários, e é realizada com todas as pessoas que interagem nas vida cotidianas de cada menino e de cada menina, dentro ou fora da escola.

O ensinamento da professora Ana Teberosky, projeta luz e motivação, para a continuação do intento que é o de fazer com os alunos do curso de Letras Português/Inglês e os de Pedagogia da UEG de Campos Belos envolvam-se, articulando suas práticas e cargas horárias de Estágio Supervisionado e Extensão Universitária. Um grupo de alunos pode levantar dados em “pranchetas pedagógicas” e um ou mais docentes orientem a direção desses dados a serem tabulados por um “GPS” acadêmico capaz de rastrear novos falantes da língua portuguesa local, prontos a ingressarem no projeto.

Os avanços tecnológicos das duas últimas décadas não podem ser validados, se não houver combate ao analfabetismo com engajamento da sociedade. São muitos os grupos, aos quais foram historicamente negada o exercício básico de domínio da escrita e da leitura. Na lida educacional da formação de professores, aqui na UEG de Campos Belos continuamos na luta pela implantação do projeto de Alfabetização Domiciliar, com tanto material didático disponível em quadros de paredes, propagandas políticas, receitas, marcas diversas, trechos bíblicos, calendários, inscrições de panos de prateleiras.

Alfabetizar é um ato de desenvolvimento humano que reinventa sujeitos e os promovem ao posto de cidadãos mais ativos e participativos. Alfabetizar o povo é trabalhar para ajudar a construir um mundo novo.

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é Professor, Pedagogo, escritor e poeta; Membro efetivo da Alaneg/RIDE one ocupa a cadeira 25 da Academia de Letras e Artes do Nordeste Goiano. É de Campos Belos – Goiás.

Adelino Machado

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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