Despedida Final

Despedida Final 

 São muitas as lembranças. Nas lutas pela retomada do Sindicato dos Jornalistas, do Clube de Imprensa, do Movimento de Defesa da , pela Constituinte (ampla, geral e irrestrita), por Diretas Já, por em , na campanha do Aldo Arantes (em 1982), na campanha em que fui candidato a deputado federal (por que não?).

Por Fernando Tolentino 

E também seus vários livros, as diversas redações em que brilhou, até, finalmente, a Xapuri, a reserva ambiental Linda , que criou em Cristalina, para se recolher nos anos mais recentes, como que deixando entender que “não adianta viver na cidade”.

A despedida de tantos amigos queridos havia sido no Campo da . Ali se encontraram dezenas de colegas do primeiro time do jornalismo brasileiro, não poucos camaradas do PCdoB e companheiros da esquerda em geral. Encontraram-se, falaram das inesquecíveis experiências com Jaime Sautchuk. E dos “causos”.

Muitos choraram e abraçaram-se, talvez pouco lembrando da pandemia, talvez muito confiados nas vacinas. Afinal, valia a pena se abraçarem. A lembrança comum de Jaime justificava.

Por isso, foi a chance de se marcarem novos encontros, inclusive com os que não puderam comparecer e não se justificavam. Como a velha base dos jornalistas do PCdoB, com a declarada intenção de reunirem-se para reafirmar a presença de Jaime.

Uns poucos insistiram em levar Jaime à despedida final, no crematório de Valparaíso de , na manhã de sexta-feira, 17 de julho. Sua família e amigos que não conseguiram se afastar até o último momento.

“De que me adianta viver na cidade,

Se a felicidade não me acompanhar”.

A pedido da filha Rosa, o meu celular entoou pianíssimo a canção preferida do Jaime, “Saudade de Minha Terra”, a composição de Belmonte e Goiá, imortalizada na voz de Goiá.

Fernando Tolentino


O Jaime disse um dia: “Se tem alguém pra homenagear, esse alguém tem que ser a Dina. Ela está em tudo que existe nessa Reserva”. Adinair França partiu antes, em 27/11/2007. Os dois agora voltam a adubar, juntos, a mágica natureza da RPNN Linda Serra dos Topázios.


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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