A FAUNA EXTINTA DO PARAÍSO
Quando os peregrinos do alvorecer chegaram ao centro a América do Sul, ainda existiam animais diferentes dos atuais que ocupavam diversos nichos.
Por Altair Sales Barbosa
Muitos desses animais somente são conhecidos através de fósseis. Uma grande parte provavelmente nunca será conhecida, por ser muito difícil a formação de jazimentos fossilíferos, ou seja, depósitos sedimentares com condições especiais para a sedimentação da diagênese ou preservação das formas outrora orgânicas.
Entre os animais atualmente extintos existiam manadas de elefantes, conhecidos como Haplomastodon waringi, que se aglomeravam nas veredas, nos campos e no Cerrado, em busca de gramíneas nativas.
Nos rios mais calmos e lagos, eram comuns os Toxodon platensis e os Miotoxodon larensis. Esse grupo de animais muito se assemelhava aos atuais hipopótamos.
Nos ambientes ribeirinhos aglomeravam os Eremotherium, animais com até seis metros de altura, conhecidos de maneira genérica como “preguiça gigante”.
Vagando por todos os ambientes, desde os campos ensolarados até as matas sombreadas, existiram pacíficos Gliptodontes, gigantescos tatus que, em volume, eram quase dez vezes maiores do que o seu parente sobrevivente, o Tatu-canastra.
Nos cerradões, comendo os brotos novos das plantas, havia manadas de Macrauchenias. Algumas dessas espécies chegaram até a Patagônia. Eram animais com um corpo semelhante ao da girafa, mas com uma pequena tromba.
Também nos campos e nas bordas das veredas, havia grupos de Equus, gênero que engloba o cavalo atual.
Compartilhando o mesmo ambiente, havia camelídeos representados especialmente pelo Palaelamas, animais com pescoço um pouco mais compridos que seus parentes que sobrevivem nos dias atuais, nos Andes e na Patagônia, como por exemplo, a lhama, a vicunha doméstica e o guanaco silvestre.
Havia ainda os Notoungulados herbívoros, que provavelmente habitavam o mesmo nicho dos cavalos e camelos.
Nos campos, e aventurando também pelo Cerrado strictu sensu, era comum os Smilodons, conhecidos como tigres-dente-de-sabre, carnívoros provenientes da América do Norte, que chegaram à América do Sul durante o último estágio glacial, designado de Wisconsin.
Altair Sales Barbosa – Dr. em Antropologia e Geologia do Quaternário pelo Smithsonian Institution, Washington DC. Pesquisador do CNPq. Pesquisador convidado da UniEVANGÉLICA de Anápolis. Sócio Emérito do Instituto Histórico e Geográfi co de Goiás. Membro do Conselho Editorial da Revista Xapuri.
Capa: lustração: Julio Lacerda/ divulgação.