Procura
Fechar esta caixa de pesquisa.
A FAUNA EXTINTA DO PARAÍSO

A FAUNA EXTINTA DO PARAÍSO

A FAUNA EXTINTA DO PARAÍSO

Quando os peregrinos do alvorecer chegaram ao centro a América do Sul, ainda existiam animais diferentes dos atuais que ocupavam diversos nichos. 

Por Altair Sales Barbosa

Muitos desses animais somente são conhecidos através de fósseis. Uma grande parte provavelmente nunca será conhecida, por ser muito difícil a formação de jazimentos fossilíferos, ou seja, depósitos sedimentares com condições especiais para a sedimentação da diagênese ou preservação das formas outrora orgânicas.

Entre os animais atualmente extintos existiam manadas de elefantes, conhecidos como Haplomastodon waringi, que se aglomeravam nas veredas, nos campos e no Cerrado, em busca de gramíneas nativas.

WLA hmns Giant ground sloth 2
Fotos: Wikimedia/ divulgação

Nos rios mais calmos e lagos, eram comuns os Toxodon platensis e os Miotoxodon larensis. Esse grupo de animais muito se assemelhava aos atuais hipopótamos. 

Nos ambientes ribeirinhos aglomeravam os Eremotherium, animais com até seis metros de altura, conhecidos de maneira genérica como “preguiça gigante”. 

Vagando por todos os ambientes, desde os campos ensolarados até as matas sombreadas, existiram pacíficos Gliptodontes, gigantescos tatus que, em volume, eram quase dez vezes maiores do que o seu parente sobrevivente, o Tatu-canastra.

MNHN de Uruguay MRD 01 scaled
Fotos: Wikimedia/ divulgação

Nos cerradões, comendo os brotos novos das plantas, havia manadas de Macrauchenias. Algumas dessas espécies chegaram até a Patagônia. Eram animais com um corpo semelhante ao da girafa, mas com uma pequena tromba. 

Também nos campos e nas bordas das veredas, havia grupos de Equus, gênero que engloba o cavalo atual.

Macrauchenia Holotype AMNH
Fotos: Wikimedia/ divulgação
Crane de smilodon expose au Museu de Zoologia da Universidade de Sao Paulo Brazil scaled
Fotos: Wikimedia/ divulgação

Compartilhando o mesmo ambiente, havia camelídeos representados especialmente pelo Palaelamas, animais com pescoço um pouco mais compridos que seus parentes que sobrevivem nos dias atuais, nos Andes e na Patagônia, como por exemplo, a lhama, a vicunha doméstica e o guanaco silvestre. 

Havia ainda os Notoungulados herbívoros, que provavelmente habitavam o mesmo nicho dos cavalos e camelos. 

Nos campos, e aventurando também pelo Cerrado strictu sensu, era comum os Smilodons, conhecidos como tigres-dente-de-sabre, carnívoros provenientes da América do Norte, que chegaram à América do Sul durante o último estágio glacial, designado de Wisconsin.

altair salesAltair Sales Barbosa – Dr. em Antropologia e Geologia do Quaternário pelo Smithsonian Institution, Washington DC. Pesquisador do CNPq. Pesquisador convidado da UniEVANGÉLICA de Anápolis. Sócio Emérito do Instituto Histórico e Geográfi co de Goiás. Membro do Conselho Editorial da Revista Xapuri.

 

 

 

Capa: lustração: Julio Lacerda/ divulgação.

Deixe seu comentário

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

PARCERIAS

CONTATO

logo xapuri

posts relacionados

REVISTA