A horta muda a realidade da escola
Como o envolvimento de professores, pais, e alunos rapidamente transforma o espaço e a vida de todos que ali estudam e trabalham? E em pouquíssimo tempo, em menos de um ano. Foi o que ocorreu na Escola Classe Vila do Boa, em São Sebastião (DF). A escola possui 250 estudantes, sendo 80 de turno integral (40 pela manhã e 40 pela tarde, tendo atividades no turno oposto). E um espaço da instituição estava ocioso, tomado pelo mato.
“A horta estava desativada, sob o pretexto de que era difícil mantê-la em época de racionamento, mas pensamos em alternativas e resolvemos retomá-la. Com o mutirão dos pais dos alunos, nós revitalizamos todo o espaço, tiramos o mato e retomamos o projeto da horta”, diz Stephanie Marina Cardoso Duarte, diretora da instituição.
A parceria com o IFB de São Sebastião foi útil, pois assim a escola obteve mudas doadas e obteve informações de como manejar a própria horta. A escola desenvolve 4 projetos no contraturno dos alunos de tempo integral. O espaço maker (introdução à robótica educacional, reaproveitando o lixo eletrônico), o acompanhamento/reforço escolar, a iniciação à música e a horta.
As crianças de 1° ao 5° ano de tempo integral cuidam da horta, colhem seus frutos e fazem a manutenção. “Deu para perceber que os estudantes passaram a se envolver bastante no trabalho da horta. Perceberam que é necessário ter na merenda o que é produzido ali. E muitos deles começaram a consumir as hortaliças, mudaram a postura alimentar, com os relatos dos próprios pais”, atesta o professor Melquisedek Aguiar Garcia.
Yllre Santos Rocha, tem 11 anos e é aluno do 5ºano. Ele confirma o relato do professor. “Eu gosto da horta porque é um trabalho bonito e as comidas são feitas aqui mesmo, com o que colhemos na horta. A gente leva as folhas de alface que colhemos para a cozinha e as merendeiras preparam tudo para a gente comer. O que eu mais gosto de fazer na horta é tirar os matos que aparecem. Tudo o que a gente colhe na horta eu como”, relata.
A horta tem alface, tomate, cebolinha, banana, coentro, além de várias plantas medicinais. Os alunos irrigam, realizam o acompanhamento das plantas, retiram o excesso de mato que aparece e fazem a colheita. O que colhem vão para o próprio prato, nas refeições da escola, mas algumas vezes, dependendo da quantidade que se colhe, também levam para casa.
“O projeto da horta está vinculado com o nosso programa de educação ambiental. As crianças coletam na cozinha os resíduos da preparação das refeições. Fizemos um curso de compostagem em um viveiro no Lago Norte, foi uma capacitação profissional com educadores sociais voluntários. Então temos nosso próprio adubo”, diz Stephanie.
Inclusive os próprios estudantes estão produzindo inseticidas naturais. “Os alunos estão pesquisando alguns tipos de inseticidas de forma orgânica, porque sempre aparecem alguns fungos na horta. Então faremos oficinas aplicando estes inseticidas nas plantas”, diz a diretora.
Os resultados desta iniciativa são notáveis, não apenas no enriquecimento do cardápio de cada estudante, mas também no lado educacional. “As crianças eram muito agitadas. Agora, elas ficaram mais calmas. E também tem todo o aprendizado. Elas trabalham textos voltados para a educação ambiental e o cultivo das plantas. Elas ficaram mais motivadas com a gramática e matemática, com a aplicabilidade da educação ambiental nestas áreas. Os alunos acabam mais envolvidos com os conteúdos porque os trabalhamos de forma dinâmica”, avalia diretora.
A escola semeia na horta e colhe muito mais do que verduras e legumes. Colhe conhecimento, educação e cidadania.