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A luta LGBTQIAP+ não é apenas pelo direito de amar

A luta LGBTQIAP+ não é apenas pelo direito de amar

Nos últimos anos, o mês do Orgulho LGBTQIAP+ ficou bastante conhecido pela data comercial. As marcas que ignoram a comunidade o ano inteiro e não contratam pessoas LGBTQIA+, começam uma corrida pelo “Pink Money” porque hoje em dia “pega mal não participar do Pride”, frase que infelizmente já escutei de algumas pessoas. Poucas marcas são verdadeiras em seus posicionamentos em apoio a comunidade desde contratações até campanhas pela naturalização da nossa existência. Mas a nossa história não se resume apenas nisso.

Por Ana Claudino/Mídia Ninja

Para além da data comercial do “Pride “, o mês do orgulho LGBTQIAP+ também está repleto de história e ancestralidade. Estamos presentes desde o início de tudo, não é algo inventado na modernidade. Nossa história foi apagada para ser assim, porque quem não conhece a sua história e ancestralidade, acaba perdendo a força e assim sucumbindo às estruturas dominantes que diariamente tentam aniquilar a nossa existência.

Na época das invasões coloniais, corpos desviantes do que era considerado “normal”, já estavam sofrendo ataques lgbtqiap+fóbicos. Os primeiros casos registrados na história, são o do indígena Tibíra do Maranhão, executado por ser considerado gay pela sociedade da época. E a portuguesa Filipa de Sousa, açoitada publicamente por ser lésbica. Ela teve seus bens confiscados e foi exilada em Portugal.

A história da nossa comunidade está repleta de lutas por direitos humanos e resistência histórica contra as forças opressoras da heteronormatividade, do racismo e do machismo. Durante a Ditadura no Brasil (1964-1985), corpos LGBTQIAP+ também sofreram repressão por serem quem são. Os militares prendiam pessoas da nossa comunidade com a justificativa de crime contra a moral.

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Matéria do jornal Lampião da Esquina.

A Rebelião de Stonewall em Nova York (1969) e o Levante ao Ferr’os Bar em São Paulo (1983) são dois marcos importantes protagonizados por pessoas LGBTQIAP+ na história. Foram lutas contra a militarização da vida, racismo e violações de direitos humanos. Principalmente o levante de Stonewall, com o protagonismo de Marsha P. Johnson e Stormé DeLarverie, pessoas negras LGBTQIAP+ protagonistas do movimento.

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Marsha P. Johnson e Stormé DeLarverie.

Lampião da Esquina (1978-1981) foi um importante veículo de comunicação LGBTQIAP+ de resistência à ditadura militar. O jornal publicou diversas matérias sobre vários tipos de ataques que a resistência LGBTQIAP+ enfrentou durante a ditadura.

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Entrevista de Leci Brandão para o Lampião da Esquina.

O amor é importante e todas as pessoas LGBTQIAP+ merecem amar e serem amadas. Mas a nossa vida não é apenas sobre amor. É sobre ter os direitos respeitados, ter moradia, segurança alimentar, acesso à saúde, emprego, poder constituir família, ter os nossos pronomes e identidade de gênero respeitados… E tantas outras coisas. É sobre ter o direito à vida.

Que a nossa existência não seja mais motivo de ameaça!
Que a nossa história não seja mais apagada no futuro!
Que em um futuro próximo nenhuma pessoa LGBTQIAP+ sinta medo de sair do armário!

Até a próxima!

Fonte: Mídia Ninja Imagens internas acompanham matéria Capa: Pixabay


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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