A pergunta que não quer calar: Afinal, ELE é normal?

A pergunta que não quer calar: Afinal, ELE é normal?

Em mais uma bravata, Bolsonaro diz que pessoas de “não são normais”. Ele é?

Da Redação Conversa Afiada

No mesmo evento em que reclamou de “tanta oposição” e disse que sua vida “praticamente acabou depois das “, Jair Bolsonaro também voltou a atacar a esquerda nesta quinta-feira 16/I. Em mais uma de suas bravatas genéricas, disse que pessoas de esquerda não devem ser tratadas “como se fossem normais”.

“Não dê chance para essa esquerda. Eles não merecem ser tratados como se fossem pessoas normais, como se quisessem o bem do , isso é mentira. Não podemos em 2022 chegar na situação que chegou a Argentina no corrente ano ou como está caminhando o Chile, que está caminhando para o caos, o “, disse Bolsonaro durante cerimônia sobre mudança de comando da Operação Acolhida, referindo-se ao novo presidente argentino, Alberto Fernández, que venceu o ultraliberal Mauricio Macri na eleição do ano passado.

“Temos outro país aqui no Brasil. Quis o me eleger para governar aqueles que no passado colocaram o país na dificuldade que se encontra. Não adianta ter raiva, culpar os outros, achar que sem cada um fazer sua parte vai garantir dias melhores. Peço a Deus que continue abençoando o nosso Brasil, abra a mente de quem está do lado da esquerda. Essa maldita esquerda que não deu certo em lugar nenhum e que quer que ela volte ao poder. Agradeço a Deus pelo milagre da eleição”, disse ainda.

Fonte: Conversa Afiada


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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